O pavilhão Serpentine, feito em Londres pelos arquitetos Herzog & de Meuron e pelo artista plástico Ai Weiwei, tem o chão, muros, bancos e pilares cobertos por cortiça portuguesa, facto que pode funcionar como montra para o material nacional.
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O presidente da Corticeira Amorim, António Rios Amorim, confessou ter ficado surpreendido pela preponderância da cortiça no local. Espalhados pelo espaço estão também dezenas de bancos em cortiça em forma de rolha de champanhe.
"Estou bastante satisfeito com a expressão que a cortiça consegue obter neste pavilhão", afirmou à agência Lusa.
Para este responsável, "ligar um produto natural único português, como é o caso da cortiça, à melhor arquitetura que se faz do mundo, aos maiores nomes da arquitetura mundial, e a um lugar absolutamente mítico como o Hyde Park e a cidade de Londres, seguramente que vai fazer muito valor a tudo o que fazemos todos os dias pela cortiça no mundo".
"Para nós isto vai ser uma montra para aquilo que a cortiça ainda tem para conquistar no desenvolvimento de novas e futuras aplicações", enfatizou.
Um dos arquitetos, Pierre de Meuron, explicou à Lusa que escolheram o material por ser suave e quente ao toque, que tivesse odor e que se moldasse às diferentes geometrias.
"Tem muitas vantagens", referiu.
Os autores do projeto quiseram evitar construir uma nova estrutura, pelo que decidiram adotar uma "abordagem arqueológica" e escavar o solo até encontrar um lençol freático.
Pelo caminho encontraram restos dos onze pavilhões anteriores, cujas fundações puseram a descoberto e depois cobriram com cortiça, elevando a seguir onze colunas representativa de cada um dos pavilhões, às quais juntaram uma 12ª representativa do próprio projeto.
Por cima, uma cobertura a apenas 1,5 metros do solo protege o espaço, mas também recolhe a água da chuva, a qual pode ser canalizada de novo para o subsolo através de um poço construído para o efeito.
Esta colaboração entre os arquitetos suíços e o artista chinês pretende fazer uma "continuidade" entre os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, para o qual projetaram o Estádio Nacional, e as olimpíadas de Londres.
Ai Weiwei, de 54 anos, é um artista crítico do regime chinês detido várias vezes, eleito em 2011 personalidade do ano mais influente do mundo da arte pela revista britânica Art Review e figura do ano pelo jornal francês Le Monde.
Herzog & de Meuron são um conhecido gabinete de arquitetura suíço fundado em 1978 e baseado em Basileia, vencedor do prémio Pritzker, o mais importante da área, em 2001.
No Reino Unido, foram responsáveis pelo projeto do museu de arte contemporânea Tate Modern, instalado no edifício de uma antiga central elétrica, e pelo centro de dança Laban, distinguido em 2003 com o prémio Stirling.
Deste 2000 que a Serpentine Gallery, galeria de arte localizada no Hyde Park, convida arquitetos reconhecidos internacionalmente a desenhar um pavilhão temporário no relvado adjacente, que depois é usado para acolher palestras e outros eventos.
Frank Gehry, Rem Koolhaas, Oscar Niemeyer, Daniel Libeskind, Zaha Hadid e os portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura foram alguns dos arquitetos responsáveis pelas edições anteriores desta iniciativa, que atrai cerca de 250 mil visitantes todos os verões.
O pavilhão abre ao público na sexta-feira e permanece até 14 de outubro, acolhendo durante estes três meses palestras e outros eventos.