O primeiro-ministro e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, manifestaram-se, esta quarta-feira, "muito em sintonia" na defesa de um orçamento da União Europeia "ambicioso" e sem cortes na política de coesão.
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Depois de um encontro em Bruxelas, durante o qual Costa entregou a Sassoli a declaração aprovada no passado sábado pelo conjunto de países "Amigos da Coesão", ambos reiteraram que a UE deve dotar-se dos recursos financeiros necessários para cumprir a agenda delineada para 2021-2027.
"Estamos muto concentrados no debate sobre o orçamento plurianual da União Europeia. Temos um ponto de vista muito comum. Queremos um orçamento ambicioso, que sustente os programas de sucesso da União, que não prejudique políticas fundamentais da UE, como a Política de Coesão e a Política Agrícola Comum, além de grandes apostas desta legislatura, como o pacto ecológico. São necessários recursos importantes", comentou David Sassoli, agradecendo por diversas vezes ao "presidente Costa", com quem diz estar "muito em sintonia".
Por seu lado, António Costa destacou a posição assumida pelos "Amigos da Coesão", no sentido de defender a política de coesão como uma política "absolutamente fundamental", em conjunto com a Política Agrícola Comum. E sublinhou que o Parlamento Europeu tem uma palavra decisiva neste processo, pelo que a "minoria" no Conselho Europeu que defende cortes deve ter isso em consideração.
"Convém nunca esquecer que, no fim deste processo, é ao Parlamento que cabe aprovar o orçamento e, portanto, o Conselho tem que trabalhar para poder apresentar um orçamento que possa ser aprovado pelo PE, e que o possa ser sem atrasos, porque a Europa e a economia europeia precisam de decisões rápidas, e não de novos adiamentos", observou.
Perspetivando a cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE agendada para 20 de fevereiro próximo, para discutir o orçamento plurianual da União pós-2020, o primeiro-ministro reafirmou que é "fundamental que haja avanços", pois "todo o atraso na aprovação deste quadro criará muitos problemas à economia europeia".
"A atitude correta do Conselho é procurar evitar crises institucionais, trabalhar com base na proposta da Comissão e procurar aproximar-se da posição do PE, que é quem tem o poder de aprovar no final o orçamento", disse, apelando a uma "concertação institucional".
Questionado sobre se Portugal estará disposto a vetar um compromisso que fique aquém das suas posições, atendendo à existência de posições extremadas, Costa considerou que as posições "não estão extremadas", porque o Parlamento, a Comissão Europeia e "uma esmagadora maioria de países no Conselho" partilham "uma posição muito clara" contra cortes na política de coesão, na PAC e em defesa de uma "capacidade de investir nas novas ambições".
"Portanto, eu acho que já uma posição genericamente consensual e uma pequena minoria que se opõe. Portanto, eu espero que essa pequena minoria avance, tendo em conta que não pode ir contra a maioria, porque é assim a vida democrática", disse, provocando o riso de Sassoli.
Costa mantém hoje em Bruxelas uma série de encontros com altos responsáveis europeus, para dar conta das conclusões da cimeira dos "Amigos da Coesão" sobre o orçamento plurianual comunitário, quatro dias depois da reunião de Beja, que juntou representantes de 17 Estados-membros.
A todos os dirigentes europeus, o primeiro-ministro dá conta dos resultados da reunião de Beja, na qual os "Amigos da Coesão" reafirmaram a sua firme oposição a cortes nesta política no futuro quadro financeiro da União Europeia para 2021-2027, defendendo que deve ser pelo menos mantido o financiamento do quadro ainda em vigor (2014-2020) em termos reais.