O primeiro-ministro afirmou que o Governo tenciona manter o calendário da construção do novo aeroporto do Montijo, mesmo tendo em conta as consequências económicas da Covid-19, e não excluiu o recurso à nacionalização da TAP.
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Estas posições foram assumidas por António Costa, esta terça-feira, em entrevista à Rádio Observador, durante a qual deixou em aberto questões como a dos aumentos salariais na administração pública em 2021 (na ordem dos 1,1%), ou da continuidade no Governo do seu ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, quando em junho o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, terminar o seu mandato.
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António Costa falou entre outros temas sobre as consequências da pandemia de Covid-19 no transporte aéreo, mais concretamente na TAP.
No que respeita ao futuro da TAP, tal como na segunda-feira à noite o ministro Mário Centeno tinha admitido em entrevista à TVI, também António Costa defendeu que "não há nenhuma razão para excluir nenhum instrumento de ação pública que se revele necessário".
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Neste ponto, o líder do executivo recorreu ao humor: "Seguramente não está na nossa mente [do Governo] nacionalizar o Observador. Relativamente à TAP, onde o Estado já é acionista, todos sabemos que o setor da aviação civil sofreu de forma devastadora esta situação de crise".
"Aliás, sabemos que já havia vontade de alguns acionistas no sentido de poderem alienar as suas posições, e a TAP é uma empresa absolutamente estratégica para o país", argumentou.
Interrogado se o Governo tenciona manter a construção do novo aeroporto do Montijo, numa fase de previsível redução do transporte aéreo em todo o mundo, o primeiro-ministro defendeu que a projetada quebra não compromete "os cenários de desenvolvimento de uma infraestrutura essencial" como essa em termos de médio prazo.
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"O novo aeroporto internacional será sempre necessário. Como vimos, no passado, o crescimento ultrapassou muito as previsões. Espero que o calendário se mantenha, porque este não é o momento de se desinvestir, mas de investir. Aliás, há obrigações contratuais nesse sentido e têm de ser criadas as condições institucionais para que esse investimento seja possível de realizar", apontou o líder do executivo.
A atual situação de quase encerramento do tráfego aéreo, de acordo com o primeiro-ministro, tem apenas a vantagem de permitir a Portugal "ganhar tempo relativamente ao seu atraso nos projetos de desenvolvimento de expansão da capacidade aeroportuária.
"Dos contactos que tenho tido com a ANA, não obstante o gigantesco prejuízo diário que está a ter, [a intenção] é manter o calendário de investimento", reforçou.
Questionado se o Governo garante um aumento de 1,1% dos salários da administração pública em 2021, o líder do executivo alegou que, antes do Orçamento do Estado para o próximo ano, ainda se colocará o Orçamento Suplementar para 2020, "incorporando o aumento brutal da despesa que resultou seja dos investimentos no Serviço Nacional de Saúde, seja nos custos de medidas sociais de apoio ao rendimento e ao emprego".
"Se me pergunta se pode não haver condições [para aumentar os salários da administração pública], respondo que pode não haver condições, como pode ser que haja condições", sustentou, antes de salientar que o conjunto de opções económico-financeiras a tomar pelo seu executivo nessa fase ainda se encontram em aberto.