O Fundo Monetário Internacional considera que as prioridades na zona euro devem ser a garantia de um "crescimento mais forte e mais duradouro" e "lidar com a inflação baixa ao mesmo tempo que se assegura a estabilidade financeira".
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No 'World Economic Outlook', que inclui as previsões macroeconómicas da organização, o Fundo Monetário Internacional defende que "as políticas macroeconómicas devem permanecer acomodatícias", argumentando que "é preciso mais alívio monetário" para que o Banco Central Europeu (BCE) consiga cumprir o seu objetivo de manter a inflação num nível abaixo, mas próximo dos 2%.
"Estas medidas podem incluir mais cortes de taxas e financiamento bancário de maior longo prazo e direcionado (possivelmente para pequenas e médias empresas)", recomenda o FMI, acrescentando que "pode ser preciso um apoio orçamental em países com margem para isso, se persistir o baixo crescimento e se as opções de política monetária forem esgotadas".
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirmou no início de abril que o Conselho de Governadores do BCE discutiu todas as medidas do mandato do banco central, "incluindo 'quantitative easing'", que permite baixar os juros e aumentar a liquidez.
"Ainda não acabámos as medidas convencionais [de política monetária], mas todos os instrumentos que temos no mandato, incluindo 'quantitative easing', vão ser considerados. Medidas de 'quantitative easing' foram discutidas como parte de uma discussão ampla e rica sobre os instrumentos" existentes no BCE, afirmou Mario Draghi, na conferência de imprensa após a reunião de governadores, em Frankfurt.
Um dos aspetos que o Fundo salienta é "a reforma bancária pendente" e a "fragmentação financeira", que continuam a dificultar a transmissão monetária.
"Em países sob 'stress', o setor privado enfrenta taxas muito altas e a concessão de crédito está a contrair", alerta a organização, que destaca também "preocupações de longo prazo em relação à produtividade e à competitividade", lê-se no relatório.
Para o FMI, apesar dos progressos alcançados, "dominam os riscos descendentes", uma vez que a recuperação da zona euro pode ser prejudicada "se o 'stress' financeiro reemergir" em resultado de "iniciativas políticas paralisadas".
A instituição liderada por Christine Lagarde considera, por isso, que é importante "reparar os balanços dos bancos e completar a união bancária" para restaurar a confiança e o crédito na zona euro.
"Para isso, é essencial a execução sólida da revisão da qualidade dos ativos bancários e dos testes de 'stress'", sublinha o FMI, acrescentando que é preciso que haja instrumentos comuns para desligar os Estados dos bancos e um Mecanismo Único de Resolução para "garantir, atempadamente, reestruturações bancárias menos dispendiosas".
Além disso, o Fundo alerta que "o desemprego elevado pode promover a fadiga de reforma, a incerteza política e a reversão de medidas, pondo em risco os ganhos dolorosamente alcançados".
A organização considera que, apesar dos progressos verificados, "ainda há necessidade de aumentar o produto potencial e reduzir os desequilíbrios dentro da zona euro", promovendo a produtividade e o investimento.
Em relação às reformas estruturais, o FMI defende que estas devem "criar mercados laborais flexíveis e mercados de produto e de serviços competitivos", mas também "facilitar a entrada e a saída de empresas e simplificar os sistemas de impostos".
O Fundo refere que "a redução de amplos excedentes externos pode ter efeitos de contágio benéficos" em toda a zona euro e dá o exemplo da Alemanha.
"Por exemplo, mais investimento público podia reduzir o excedente externo na Alemanha e, ao mesmo tempo, aumentar o crescimento tanto na Alemanha como na região" da moeda única.
Na frente externa, o FMI considera que choques - a restrição das condições financeiras nos Estados Unidos, o contágio financeiro e as ruturas comerciais devidas a acontecimento geopolíticos e um crescimento mais fraco do que o esperado nos mercados emergentes - "pode penalizar o crescimento e a estabilidade" da economia da zona euro.