Na sua primeira incursão pelo mundo dos híbridos com o Jogger, agora apresentado em Lisboa, a Dacia conseguiu o pleno. Tem o eletrificado mais barato do mercado (vantagem acrescida por ter uma versão de sete lugares), dos mais espaçosos e com uma autonomia que ultrapassa os mil quilómetros. Chega a Portugal em junho, apenas na versão SL Extreme.
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O Jogger Hybrid 140 utiliza o grupo propulsor já utilizado noutros modelos do Grupo Renault, que recorre a um motor a gasolina 1.6, acoplado a dois motores elétricos (um de 36 kW/49 cv) e um HSG (High-Voltage Starter Generator - motor de arranque/gerador de alta voltagem) - e uma caixa multimodos sem embraiagem.
Os 140 cavalos de potência combinada garantem desembaraço ao Jogger, um facto a que não é estranho o peso de apenas 1380 quilos e a forma como a caixa de velocidades gere a interação entre os três motores, permitindo uma condução suave e fluida.
Na verdade, a marca romena simplificou ao máximo a vida do condutor, não havendo modos de condução para selecionar, apenas a função B (Braking) da caixa de velocidades, que assegura maior regeneração e garante que conseguimos percorrer muitos quilómetros sem tocar nos travões.
O arranque é sempre em modo elétrico, e a marca refere que o Jogger consegue circular 80% do tempo em modo totalmente elétrico em trajetos urbanos, fazendo entre 50 a 60 quilómetros.
A Dacia sublinha que a ausência de embraiagem permite que o Jogger "comece a acelerar em modo totalmente elétrico sem ter de utilizar o motor de combustão" com binário "imediatamente disponível para um arranque particularmente reativo".
A tecnologia, sublinha a marca, "é baseada numa arquitetura paralela-série, combinando os melhores aspetos de cada forma de motor híbrido (série, paralelo e série-paralelo)". "Os motores trabalham sozinhos ou em conjunto, dirigindo a potência para as rodas ou para a bateria. O grupo motopropulsor gere a potência do motor de acordo com o que o automóvel possa necessitar em termos de aceleração e potência, mas também em termos de regeneração da bateria. Isto acontece de acordo com 15 modos de transmissão diferentes, que refletem as várias combinações de motores e engrenagens que estão a ser utilizadas".
Consumos surpreendem
Ensaiamos o Jogger durante centena e meia de quilómetros, com partida do Aeroporto de Lisboa e dois jornalistas a bordo. O percurso escolhido pela Dacia incluiu cidade, auto-estrada, estradas de serra, nacionais, num mix que emulou o tipo de utilização que este familiar deverá ter.
No final, na Costa da Caparica. o computador de bordo do nosso Dacia assinalava um consumo de 4,2 l/100km, 128 quilómetros percorridos e uma autonomia restante de 950 quilómetros. O que significa que conseguiríamos fazer 1078 quilómetros com apenas um depósito de gasolina (50 litros).
Se pelo lado dos consumos o Jogger nos surpreendeu, o interior revelou a filosofia da marca, que já não classificamos de low-cost, mas antes um bom "value for money", isto é, muito carro por (relativamente) pouco dinheiro.
É espaçoso, com uma distância entre eixos de quase 2,9 metros, oferece uma bagageira com capacidade para 708 litros na versão de cinco lugares, 160 a 595 litros na de sete e um volume máximo de 1819 litros. E tem o equipamento de conforto e segurança exigíveis de um automóvel moderno. Sem grandes luxos, mas também sem falhas de maior, se bem que o GPS seja um pouco "rústico".
No interior pontificam plásticos duros, mas a montagem pareceu-nos sólida e os anos devem passar bem pelo Jogger.
De design simples, o painel de instrumentos é agora digital e fornece as informações essenciais ao condutor, numa racionalidade bem vinda que se estende a muitos outros aspetos do Jogger, como uma lista reduzida de opcionais.
Só há sete escolhas de cor, incluindo a branca (que é gratuita), com um sobrecusto de 475 euros, um Media NAV (ecrã tátil de 8 polegadas, navegação, rádio DAB, replicação de smartphone, Bluetooth®, cartografia da Europa Ocidental e três anos de atualização de mapas) por 500 euros, o pack Safety III, que inclui o alerta de ângulo morto e sistema de ajuda ao estacionamento dianteiro, que custa 350 euros e por 200 euros, é possível ter os bancos dianteiros aquecidos.
Um carro descomplicado, este Jogger, que nos brinda com uma suspensão firme, mas que consegue ser confortável e permite enfrentar sem grandes preocupações o piso menos bom de algumas das nossas estradas.
Em auto-estrada apreciamos o silêncio de rolamento, prova da boa gestão do sistema híbrido, que apenas usa a motor de combustão quando é verdadeiramente necessário.
O preço começa nos 28.800 euros.