
Artur Machado / Global Imagens
O setor têxtil e do vestuário tem feito um caminho no sentido da descarbonização mas ainda há “números significativos” de emissão de carbono que precisam de ser reduzidos.
A ideia deixada por Luís Ramos do CITEVE– Centro Tecnológico das Indústria Têxteis e do Vestuário recordando o objetivo do setor em atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Falando na apresentação do Roteiro para a Descarbonização da Indústria Têxtil e do Vestuário a ser elaborado pelo consórcio CITEVE, Associação Têxtil de Portugal (ATP) e ANIVEC- APIC (Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção), Luís Ramos salientou que para alcançar essa meta é preciso “reduzir as emissões de carbono em 90%”.
É neste sentido que surge o roteiro cujo intuito é criar ferramentas para que as empresas consigam a descarbonização. Este é um projeto financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O setor já tem feito um caminho, e desde 2005 que há uma curva descendente” no que se refere à emissão de gases mas ainda “há um longo caminho a percorrer” que o roteiro vai apontar, notou Luís Ramos.
Neste momento, o documento está em fase de diagnóstico, isto é, está a ser feita a caracterização do setor seja ao nível socioeconómico seja quanto à identificação das emissões de gases, e quanto ao cálculo da pegada de carbono.
Depois disto, será desenvolvido um conjunto de ferramentas “que permitirá que cada empresa construa os seus roteiros individuais”. Para isso, o projeto contempla uma fase de formação e capacitação de recursos humanos para que as empresas possam trabalhar em direção à neutralidade carbónica. Todas estas etapas estarão cumpridas até ao início de 2025.
A elaboração de um diagnóstico como ponto de partida para traçar objetivos e ações para chegar à neutralidade carbónica foi um dos elementos apontados como essenciais por empresários e técnicos. A eficiência energética foi tam bém considerada fundametal como uma das ferramentas que pode ser usada para atingir a meta de zero emissões de carbono.
Neste domínio, Carlos Pimparel da Direção de Energia e Geologia notou que Portugal está “na linha da frente” contudo tem sempre de se colocar a questão do financiamento para colocar as medidas em prática. Além do financiamento, também a caracterização de rotinas é uma das questões em que pode haver “dificuldade”.
Práticas concretas
A Salsa, a ETFOR, a ACATEL e a Riopele são empresas que já deram passos para alcançar a neutralidade carbónica. Substituição da iluminação, produção própria e consumo de energia renovável, uso de transportes menos poluentes e uso de matérias-primas recicláveis foram alguns dos exemplos referidos pelas mesmas.
Desperdícios têxteis
A indústria têxtil e do vestuário produz anualmente 200 mil toneladas de desperdícios têxteis, e o setor representa 9% das emissões de gases com efeitos de estufa.
