<p>A incerteza sobre a evolução da taxa de desemprego no terceiro trimestre é consensual entre patrões, sindicatos e analistas, que, no entanto, convergem na ideia de que 2011 será um ano mais difícil.</p>
Corpo do artigo
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na quarta-feira a taxa de desemprego relativa ao terceiro trimestre do ano, após uma estabilização, no segundo trimestre, nos 10,6 por cento.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da CIP, António Saraiva, disse esperar que a taxa de desemprego entre Julho e Setembro, que será divulgada na quarta-feira, "no mínimo se mantenha", embora admita que a tendência, "lamentavelmente", seja de crescimento.
Ainda assim, acredita que as projecções do Governo de terminar o ano com uma taxa de desemprego a rondar os 10,6 por cento é uma meta "possível".
Para 2011, Saraiva diz que "há que ser realista", uma vez que, com o Orçamento do Estado apresentado e o "clima recessivo" que se espera, a tendência do desemprego será inevitavelmente a de aumento.
Do lado dos sindicatos, a CGTP e a UGT consideram ser difícil antecipar o valor para o terceiro trimestre, mas duvidam de uma melhoria das condições do mercado de trabalho.
Paula Gonçalves, do departamento de estudos económicos do BPI, prevê um "ligeiro agravamento" da taxa de desemprego para os 10,8 por cento.
Para Paula Gonçalves, esta tendência deverá intensificar-se em 2011, "quando a economia reflectir de forma mais notória o esforço de consolidação orçamental".
Assim, a previsão, em valores médios, do BPI para o conjunto do ano é de 10,8 por cento e para 2011 é de 11,2 por cento.
Para Rui Bernardes Serra, economista chefe do Montepio Geral, a taxa de desemprego deverá recuar para os 10,5 por cento, devido ao efeito da sazonalidade, em linha com a queda observada ao nível do número de desempregados inscritos nos centros de emprego.
Para o ano de 2010, o Montepio Geral aponta para uma taxa de desemprego de 10,6 por cento.
No primeiro trimestre de 2010, a taxa de desemprego atingiu o máximo histórico de 10,6 por cento, tendo sido contabilizados pelo INE um total de 592,2 mil desempregados.
A trajectória de subida do desemprego em Portugal iniciou-se em 2008 (no segundo trimestre), com o mercado laboral a sofrer assim os efeitos da crise económica que se alastrou por toda a Europa.