O ex-administrador do Banco Português de Negócios Norberto Rosa assumiu, esta terça-feira, que a Galilei, que sucedeu à Sociedade Lusa de Negócios, tem atualmente uma dívida de mil milhões de euros ao banco.
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Essa dívida transitou agora para a Parvaloren - uma sociedade veículo detida pelo Estado - após a venda do BPN ao Banco Internacional de Crédito (BIC).
Norberto Rosa, atual administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) adiantou estes dados quando respondia a questões formuladas pelo deputado do Bloco de Esquerda João Semedo na comissão de inquérito parlamentar sobre a nacionalização e reprivatização do BPN.
João Semedo mostrou-se indignado com transferências financeiras para a sociedade Galilei quando o BPN já estava nacionalizado, dando como exemplo um crédito de dez milhões de euros para a compra de um avião à empresa Omni.
"Parece que não houve o mínimo de decoro na realização destas operações, porque são coisas destas que todos nós estamos a pagar", comentou o deputado do Bloco de Esquerda.
Perante esta observação, Norberto Rosa começou por alegar que desconhecia o detalhe de algumas das operações de crédito, mas frisou que no conjunto de empresas do atual grupo Galilei eram necessários "apoios de tesouraria para garantir o funcionamento de algumas delas com viabilidade, tendo em vista pagar salários e que conseguissem comprar matérias primas".
"No âmbito global de uma exposição de cerca de mil milhões de euros, admito que foi preferível por vezes dar um crédito de montantes elevados, mas que correspondem a uma percentagem pequena, do que algumas dessas empresas entrassem em rutura com consequências bem mais negativas. Se assim acontecesse, então não seriam recuperados os créditos", alegou Norberto Rosa.
Na audição, Norberto Rosa foi também questionado pelos deputados João Semedo, Honório Novo (PCP) e João Almeida (CDS) sobre o motivo que levou a administração do BPN nacionalizado a manter em funções diretores que estiveram ligados ao ex-presidente do banco Oliveira e Costa.
Estes três deputados manifestaram-se sobretudo incrédulos pelo facto de diretor do pelouro jurídico, Armando Pinto, com envolvimento em operações com o Banco Insular, se ter conservado em funções no BPN nacionalizado.
Na resposta, Norberto Rosa alegou que havia distribuição de pelouros na sua administração e que, no seu caso pessoal, optou por colocar novos quadros nas suas áreas de gestão.
Ao longo da audição, Honório Novo quis também saber o motivo que levou a administração do BPN nacionalizado a não defender junto da "troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) o projeto de refundação do banco.
Norberto Rosa referiu então que lhe foi comunicado que a "troika' considerou "inaceitável" o cenário da refundação do BPN para posterior venda e que colocou como únicas alternativas a liquidação ou a privatização acelerada.