O maior empregador privado de Penafiel, a empresa PMH, com cerca de 320 funcionários, enfrenta uma situação de tesouraria "dramática", porque o Estado, através dos centros hospitalares, deve oito milhões de euros.
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Rui Santos, director financeiro, admite, citado pela Agência Lusa, que se não houver pagamentos do Estado nos próximos dias esta sociedade anónima não terá condições para pagar aos funcionários.
Garantiu também que, face aos atrasos nos pagamentos aos fornecedores, está em risco o fornecimento de matérias-primas essenciais para garantir a laboração da empresa.
A PMH - Produtos Médicos Hospitalares - tem sede em Samora Correia, mas é na sua unidade de Penafiel que se concentra o maior número de funcionários e a maior produção destinada aos hospitais e à exportação.
Ao todo, a empresa tem cerca de 550 trabalhadores, sendo fornecedora de todos os centros hospitalares do país, excepto Madeira.
Rui Santos explicou à Lusa que desde Julho que a empresa não recebe qualquer pagamento do Estado, acentuando as dificuldades de tesouraria. Neste momento, disse, há dívidas vencidas (mais de 90 dias) de cerca de seis milhões de euros. Destas, salientou, dois milhões reportam-se a dívidas com mais de um ano.
O gestor disse que em 2010, de Julho a Outubro, a empresa também enfrentou grandes dificuldades, em resultado de atrasos nos pagamentos dos hospitais, o que absorveu todas as reservas financeiras.
Em Outubro, face aos atrasos e consequente desequilíbrio de tesouraria, a PMH já teve muitas dificuldades para conseguir pagar aos trabalhadores, situação que se repete no final de Novembro.
Rui Santos admite que a situação torna-se "dramática", porque acumulam-se atrasos nos pagamentos a fornecedores e estes, alguns dos quais estrangeiros, "podem a qualquer momento cortar os fornecimentos".
"A empresa está em risco. Ou paga aos trabalhadores, ou paga as matérias-primas ou pára", afirmou, acrescentando que "estão em causa postos de trabalho".
"Se a empresa não tiver matéria-prima para continuar a laborar, existem pessoas que têm que ir para casa", lamentou o gestor.
Rui Santos garante, por outro lado, que a PMH não deve nada em termos de impostos ou Segurança Social, lamentando que os atrasos do Estado ponham em risco uma empresa que tem crescido todos os anos cerca de 20% em termos de exportações.
À Lusa garantiu que a PMH é líder no mercado francês, para onde saem todas as semanas nove camiões com produtos fabricados em Penafiel. Sessenta por cento da produção da PMH destina-se ao mercado de exportação.