Dois dos quatro principais bancos gregos recorreram ao mecanismo de assistência de liquidez do banco central grego para acederem a cerca de cinco mil milhões de euros, noticia, esta sexta-feira, a imprensa de Atenas.
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O banco central da Grécia não confirma as notícias mas alguns responsáveis pela instituição admitiram aos jornalistas, sob anonimato, que nos próximos dias outros bancos vão recorrer ao mesmo mecanismo.
O banco central grego tem juros mais altos do que os do Banco Central Europeu (BCE) e, por isso, as instituições financeiras só recorrem ao mecanismo de assistência nacional quando já não têm garantias de que a instituição europeia está disposta a conceder o financiamento.
No passado mês de dezembro, os depósitos nos bancos da Grécia registaram uma redução de três mil milhões de euros, o que segundo o banco central do país ficou a dever-se ao pagamento de impostos por parte dos contribuintes, cujos prazos terminavam no final do ano, e ao aumento do consumo típico do período do Natal.
Mesmo assim, o fenómeno considerado extraordinário ainda não foi devidamente clarificado.
A redução de depósitos desde o início de 2015 até ao momento não provocou problemas de liquidez ao sistema bancário da Grécia, segundo analistas contactados pela EFE.
Para os analistas, o fator decisivo que acentuou os problemas de liquidez foi a decisão, esta semana, do banco central da Suíça que liberalizou a paridade do franco suíço em relação ao euro que provocou uma queda da moeda europeia em relação à moeda helvética e uma redução de depósitos que pode ter atingido os cerca de dois mil milhões de euros.
Além do mais, nos últimos meses o Estado grego incrementou as emissões de Títulos do Tesouro com prazos de três a seis meses.
A situação fez com que a carteira de ativos em Títulos do Tesouro tenha aumentado, o que diminuiu a liquidez - de facto - das entidades financeiras.
Os bancos gregos começaram a recorrer ao mecanismo de assistência do banco central nacional em maio de 2011 como medida contra a fuga de depósitos do país e perda de valor dos juros.
Em junho de 2012, a meio do período eleitoral e de incerteza política, o financiamento dos bancos gregos pelo banco central atingiu 135 mil milhões de euros.
A dependência dos bancos em relação ao mecanismo começou a registar uma redução a partir de dezembro de 2012, tendo normalizado a partir de maio de 2014.
As notícias sobre o recurso dos bancos à assistência coincidem com a marcação das eleições legislativas antecipadas para o dia 25 de janeiro.