“Duas regiões, um destino”: Norte de Portugal e Galiza unidos na promoção turística
A Galiza e o Norte de Portugal, dois territórios vizinhos que representam mercados turísticos em crescimento e são principais emissores entre si, uniram-se para a sua promoção internacional como destino único.
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Em Vigo, foi esta quinta-feira apresentado o projeto de cooperação “ClusterTur_GNP”, que pretende reforçar a colaboração público-privada do setor na Eurorregião, impulsionando produtos comuns como os Caminhos de Santiago, gastronomia, termalismo e turismo náutico.
O "cluster" agora colocado em marcha constitui um dos cinco projetos do Programa de Cooperação Transfronteiriço Interreg Espanha-Portugal (POCTEP), que tem por objetivo unir sinergias entre os dois lados da fronteira. Está orçado em 700 mil euros e financiado em 520 mil por fundos comunitários. A sua materialização envolverá o “desenho” de um produto comum com marca própria, até ao próximo mês de dezembro. O projeto agrega a Junta da Galiza, o AECT – Galiza Norte de Portugal e o Turismo do Porto e Norte de Portugal, numa estratégia conjunta a desenvolver até 2030.
“Este é um dia histórico na relação entre o Turismo Porto e Norte de Portugal e a Galiza”, disse Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, lembrando que o novo "cluster" nasce de uma longa e estreita relação entre as duas regiões. “A Galiza é mais portuguesa que castelhana, assim como o Porto e Norte é mais galego do que lusitano. São 33 anos depois da criação da Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal, que aqui estamos precisamente para continuar esse caminho”, afirmou.
Luís Pedro Martisn defende que aquele território transfronteiriço já tem “muito trabalho para apresentar” em áreas como desenvolvimento económico e promoção turística em torno do rio Minho (Visit Minho), turismo sustentável com foco nas fortalezas de fronteira, feiras e romarias, termas ou Reserva da Biosfera Gerês-Xurês. “Os números não enganam quanto à proximidade destas duas regiões. Espanha é o primeiro mercado para o Porto e Norte, e até maio deste ano tínhamos acumulado já cerca de 300 mil hóspedes que resultaram em 500 mil dormidas, mas não sãos os números deste mercado que nos interessam para este projeto”, considerou o dirigente português, indicando que o objetivo é ter “juntos maior impacto nos mercados ultranacionais, principalmente aqueles que são de longa distância: Ásia, Médio Oriente, Estados Unidos, Canadá e também América Latina”.
“Os dois territórios apresentam-se juntos nestes mercados de forma mais competitiva, potenciando a ideia de dois países, um destino”, acrescentou.
Para Xosé Merelles, diretor de Turismo da Galiza, as duas regiões têm “evoluções e desafios muito parecidos”, pelo que considerou aquele “um projeto-chave” que vai “permitir enfrentar esses desafios” em conjunto e “reforçar sinergias”, tendo o setor do Turismo como “uma das fontes de riqueza mais importantes”.
Enalteceu a possibilidade de participação da Galiza na criação de “uma estrutura de trabalho em rede, para aproximação das empresas dos dois lados da fronteira”, e em que os dois territórios fronteiriços serão “sócios” num cluster “pioneiro” que impulsionará uma estratégia de internacionalização. “O ClusterTur vem somar muitos aspetos positivos ao nosso modelo turístico, porque favorecerá o networking e outorgará um papel protagonista aos recursos comuns como os caminhos de Santiago e o enoterismo”, considerou Xosé Merelles, que recordou também com números que Portugal é “o mais importante mercado emissor [de turistas] para a Galiza".
“No ano passado registaram-se mais de 624 mil pernoitas procedentes do país vizinho, o que representa mais 20% que em 2022 e mais de 20% do total internacional”, indicou, adiantando ainda que “no primeiro semestre de 2024, a tendência mantém-se. Portugal está a ser o principal mercado emissor para a Galiza, com mais de 128 mil visitantes, o que representa já um incremento de 15%”.
Referiu ainda “o crescimento exponencial do caminho português da costa” e a importância dos portugueses na globalidade dos Caminhos de Santiago. Indicou que “em 2024, Portugal será o terceiro país estrangeiro com mais peregrinos [13 mil, mais 15% do que em 2023]”.
Presente no lançamento deste "cluster" transfronteirço, António Cunha, presidente da CCDR-Norte e presidente em exercício da Eurorregião, defendeu que o projeto “cumpre um dos objetivos políticos prioritários para o Norte de Portugal e da Galiza” e considerou que este “contribuirá para o dinamismo turístico, económico e socio-cultural de ambos os lados da fronteira”, através da promoção internacional de produtos turísticos da eurorregião e os Caminhos de Santiago.
Por seu turno, o diretor do AECT da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal, Nuno Almeida, deixou como desafio que “se comece a trabalhar desde já, em coordenação com os operadores turísticos e empresas do setor dos dois lados da fronteira num projeto que é fundamental para a eurorregião não só como destino turístico”.