O presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, confirmou, esta terça-feira, que a construtora Edifer está a preparar o despedimento coletivo de 200 trabalhadores. A empresa justifica a medida com a quebra de encomendas, que este ano já ascende a 199 milhões de euros.
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"Começámos a ser contatados na sexta-feira pelos trabalhadores da Edifer que tinham sido informados do despedimento coletivo de 200 pessoas", afirmou aquele responsável, quando questionado pela Lusa, acrescentando que o despedimento está previsto para o início do próximo mês.
O sindicato já pediu uma reunião com a construtora, para debater o despedimento, mas ainda aguarda a marcação de uma data para o encontro.
"É insustentável manter os trabalhadores na empresa quando não há trabalho", explicou albano Ribeiro, referindo-se à quebra de produção do setor da construção e obras públicas desde que a economia portuguesa entrou em recessão.
O sindicalista acredita que até ao final deste ano vão ficar sem trabalho cerca de 40 mil trabalhadores do setor: "A revolta dos trabalhadores vai surgir a curto prazo", ameaçou, explicando que na próxima semana se vai reunir com o presidente da fileira da construção (Reis Campos) para traçarem uma estratégia de recuperação do setor que querem entregar ao Governo.
"A culpa deste problema grave no setor é do ministro da Economia (Álvaro Santos Pereira)", afirmou o sindicalista, explicando que a razão deste problema é o desinvestimento público no setor, ao reduzir-se drasticamente as obras públicas.
Na segunda-feira, o grupo parlamentar do PCP pediu explicações ao Ministério da Economia sobre a aquisição das construtoras Edifer, Hagen e Monte Adriano pelo fundo Vallis, manifestando receio pelo futuro dos 2200 trabalhadores das empresas agora concentradas.
Notícias citadas pelo PCP indicam que as quatro construtoras foram compradas pelo fundo que tem como acionistas quatro instituições bancárias, incluindo a estatal Caixa Geral de Depósitos, numa operação que, segundo os comunistas, "visa a concentração de lucros e faz pairar sobre os trabalhadores a ameaça de despedimentos.
"O processo de despedimento de 200 trabalhadores começou na sexta-feira. A razão é a necessidade de equilibrar a capacidade instalada em Portugal face à contração no setor da construção", explicou à Lusa fonte oficial da Edifer.
A construtora tinha previats para este ano obras em carteira avaliadas entre os 700 a 800 milhões de euros, mas destas 199 milhões de euros não se realizaram nem vão realizar, segundo aquela fonte, porque o investimento no setor está em contração devido á recessão económica.
Ao todo a Edifer tem 1941 colaboradores, dos quais 936 são portugueses (e destes 133 trabalham fora do país). O despedimento coletivo da empresa abrange 200 daqueles 936 portugueses.