Dois consórcios pretendem comprar o edifício, ficar com os trabalhadores e manter a marca. Decisão dos credores antecipada para 6 de outubro.
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A Dielmar, empresa confeções de Alcains, em Castelo Branco, que entrou em processo de insolvência a 30 de julho, tem duas propostas formais para a viabilização da fábrica, mantendo a totalidade dos cerca de 250 trabalhadores, apurou o JN junto de fonte que acompanha o processo. As duas propostas, que envolvem empresas portuguesas do norte da área das confeções, são do conhecimento do Banco Português de Fomento , detentor do equipamento fabril, incluindo o edifício.
A data para a realização da assembleia de credores, onde está o Estado, através do Instituto de Segurança Social, instituições bancárias, entre outros credores, foi entretanto antecipada de 26 para 6 de outubro conforme consta de novo edital produzido pelo Tribunal Judicial do Fundão, onde decorre o processo de insolvência. A antecipação, soube ainda o JN é consequência do facto de existirem as duas propostas "sérias e formais".
Nestas, os proponentes garantem a manutenção da atividade fabril em Alcains, a manutenção dos cerca 250 postos de trabalho e da marca "Dielmar", uma das mais cotadas do país, que já esteve ligada a figuras públicas e instituições de grande projeção como a seleção principal de futebol.
Os dois consórcios de empresas propõem, cada um, a constituição de uma sociedade na qual têm participação cada acionista. "As duas propostas são idênticas: propõem a aquisição do património, deter a marca e os trabalhadores. Apenas divergem no valor desta operação", adiantou a mesma fonte.
Salário por pagar
Entretanto, o salário de agosto ainda não foi pago. O Ministério da Economia assegurou o pagamento dos vencimentos de agosto e setembro, ao abrigo do Programa da Retoma Progressiva, aguardando-se o processamento do valor correspondente à Segurança Social. Está prevista a transferência nos próximos dias.
10 milhões é o valor do passivo da Dielmar. Quando foi conhecida a insolvência, foi aumentando a lista de credores, como a empresa de segurança, pequenos fornecedores, empresa de recrutamentos, entre outros.
"Vamos gerir esta situação de insolvência, no sentido de encontrarmos novas entidades que sejam capazes de dar um destino útil à empresa, de assegurar uma gestão operacional capaz", disse o Ministro da Economia aquando da decisão de insolvência por parte da administração da Dielmar, salientando na altura que o governo estava "disponível" para assegurar uma "melhor gestão" e a salvaguarda dos postos de trabalho.
Recorde-se que o Estado, apesar de ter 30% do capital social da empresa, e de ser um dos maiores credores, não tinha representante no Conselho de Administração.
O gestor de insolvência nomeado para liderar o processo, João Gonçalves, recusou prestar declarações ao JN, apenas afirmando que tudo está a ser feito para "salvar a empresa". A têxtil é apenas proprietária de maquinaria, uma frota de automóveis e mobiliário. A marca está penhorada por uma instituição bancária. Não há atrasos no pagamento a fornecedores de energia e água pelo que, "a par do que já se conhece, quem quiser tomar conta da fábrica, tem tudo pronto para avançar com a laboração", informou em agosto quando foi nomeado gestor de insolvência.
Serão os credores a decidir o futuro desta fábrica com as duas propostas, até agora, colocadas em cima da mesa.
duas dezenas
Número de trabalhadores diminuiu
A Dielmar entrou em processo de insolvência com 276 trabalhadores. Neste momento são cerca de 250 os que se mantém "ligados" ao processo. Os restantes tinham contratos ou formações a terminar em agosto. O Sindicato Têxtil da Beira Baixa apelou à união operária. Situação que se tem mantido com a garantia salarial por parte do Governo. Os trabalhadores estão em casa.