Procura disparou em janeiro e já provocou rutura de stock. Em 2020, os portugueses gastaram quase dois mil milhões de euros em tecnologia.
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Portugal está cada vez mais digital: no ano passado, o valor gasto em tecnologia duplicou face a 2019, indicam os dados da SIBS. E a tendência mantém-se neste início de 2021. A obrigatoriedade do teletrabalho e o regresso das aulas à distância impulsionaram uma corrida aos computadores portáteis, que fez esgotar os modelos mais baratos em muitas lojas. E quando forem repostos, tudo indica que estarão mais caros.
Na Fnac, "o aumento significativo da procura" tem gerado "momentos de rutura temporária", sobretudo entre os portáteis de gama baixa (menos de 400 euros) e média (entre os 600 e os 800). O que está a obrigar as famílias a direcionar-se para "a faixa entre os 800 e os 1000 euros", nota a diretora de marketing da KuantoKusta, plataforma onde, nas duas últimas duas semanas, a procura cresceu 77%.
Segundo Sara Sá, "50% dos portáteis já estão em rotura de stock e a reposição pode demorar entre uma e duas semanas". Com ela virá, "muito provavelmente", um aumento do preço ao consumidor, tal como aconteceu na compra desenfreada de portáteis que marcou o primeiro confinamento geral - nessa altura, foi "na ordem dos 15%".
Hábitos mudaram
A pandemia alterou, radicalmente, os nossos hábitos de compra, redefiniu prioridades, até porque começou a afetar rendimentos. Os dados da SIBS Analytics (ver infográfico) mostram que os portugueses investiram, no ano passado, 1,9 mil milhões em tecnologia, mais 50% do que em 2019.
Confinados ou mais resguardados, também gastaram mais 14% em híper e supermercados: foram 12,8 mil milhões, quase um quarto do valor total das operações de pagamento eletrónico realizadas na rede multibanco em 2020 (50,6 mil milhões de euros). Ainda assim, o aumento do consumo foi mais expressivo em mercearias e minimercados (61%). Enchemos mais o carrinho de compras, porque fizemos menos refeições fora de casa: na restauração, houve uma queda de 33%.
Com a crise sanitária, a fatura aumentou na farmácia (18%), mas baixou nas gasolineiras (14%), nos transportes (35%), em viagens e lazer (40%) ou em alojamentos turísticos (32%). Também se gastou menos em moda e acessórios (32%) e em perfumaria e cosmética (8%).
Um estudo da Associação da Economia Digital estima que o comércio digital terá movimentado no país 110,6 mil milhões de euros. No Insania, um website português de e-commerce, a faturação cresceu entre 25 a 30% no ano passado, revela a CEO, Maria Amélia Teixeira.
Detalhes
Operações
Segundo a SIBS, as operações em numerário totalizaram 30,1 mil milhões de euros, menos 3,2 mil milhões do quem em 2019 - a quebra foi menor do que as operações eletrónicas.
Obras em casa
As compras de material de construção e bricolage (1,3 mil milhões de euros) aumentaram cerca de 10% face a 2019. Mas foram menores em decoração e artigos para o lar (-24%), em jogos, brinquedos e puericultura (-10%) e em telecomunicações (-9%).
Veículos e desporto
Em 2020, gastaram-se cerca de 1136 milhões de euros em veículos e acessórios, quase tanto como no ano transato (1148). O mesmo se verificou no material desportivo e recreativo, em que o crescimento em relação a 2019 foi de cerca de 0,3%.