O administrador da ESCOM Luís Horta e Costa admitiu, esta quinta-feira, que teria sido uma "boa notícia" a entrada da Sonangol na ESCOM, negócio que esteve em vias de se concretizar mas nunca passou à prática.
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"Víamos como uma boa notícia que a Sonangol entrasse no capital da ESCOM", reconheceu o administrador da empresa na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
A venda da ESCOM, empresa do GES que geria os ativos não financeiros em Angola, foi noticiada por diversas vezes como estando em curso, sendo a Sonangol a entidade que iria fazer a aquisição, através da empresa Newbrook.
"Todas as negociações de venda numa empresa, não são feitas pela administração, são feitas pelos acionistas", frisou, todavia, o administrador Luís Horta e Costa, que diz não fazer a "mínima ideia" se a Newbrook estaria ligada a Álvaro Sobrinho, antigo presidente do BES Angola (BESA).
No parlamento, ouvido no final do ano passado, Sobrinho, garantiu que um sinal de 85 milhões de dólares sobre o acordo de venda da ESCOM chegou à Espírito Santo Resources, mas asseverou não saber o destino do dinheiro.
"Quem recebeu [o dinheiro] foi a ES Resources", declarou Sobrinho na comissão de inquérito.
Horta e Costa está, esta quinta-feira, a ser ouvido pelos deputados desde cerca das 16.15 horas, tendo, ao contrário da maioria dos depoentes, optado por não fazer uma declaração inicial, respondendo de imediato às perguntas dos parlamentares.
O grupo ESCOM foi fundado em 1993 pelo GES e por Hélder Bataglia.
A atividade do grupo centra-se predominantemente em Angola, sobretudo no imobiliário e na exploração de diamantes.
A ESCOM foi consultora do German Submarine Consorcium, ao qual o Estado português adjudicou, em 2004, o concurso para dois navios submergíveis, cujo primeiro viria a ser entregue em 2010, com custos superiores a 800 milhões de euros, mas com contrapartidas previstas, pelo menos, de 100%.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".