Na primeira metade deste ano, instituições encolheram carteira de créditos tóxicos em 2,7 mil milhões.
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A valorização dos preços dos imóveis em Portugal tem ajudado os bancos a vender as suas carteiras de créditos tóxicos. No primeiro semestre deste ano, desfizeram-se de quase 2700 milhões de crédito malparado. O montante inclui vendas, recuperações e abatimentos ao ativo ("write-offs"). O valor abrange a redução de malparado pelos bancos que já divulgaram os seus resultados do primeiro semestre - Caixa Geral de Depósitos (CGD), Novo Banco, Millennium bcp, Banco BPI e Santander e também o Montepio, que vendeu uma carteira de 321 milhões de euros já este ano.
A somar aos montantes que já saíram dos balanços dos bancos no primeiro semestre, o Novo Banco anunciou na segunda-feira que acordou a venda de quase 800 milhões de euros de crédito malparado. O banco - que duplicou os seus prejuízos nos primeiros seis meses de 2019, para 400 milhões de euros - espera ter as operações ontem anunciadas concluídas até ao final do ano. Em causa está a venda da carteira "Projeto Albatroz", com um valor contabilístico de 308 milhões de euros, à Waterfall Asset Management e a carteira "Projeto Sertorius", avaliada em 487,8 milhões de euros, à Cerberus Capital Management.
A agência Bloomberg noticiou em julho que o banco liderado por António Ramalho preparava a venda de carteiras de malparado da ordem dos 3500 milhões de euros. A CGD prevê vender mais 800 milhões de euros de malparado, eventualmente até ao final de setembro, disse Paulo Macedo, presidente-executivo do banco público na apresentação dos resultados semestrais. O BPI também anunciou na sua apresentação das contas do primeiro semestre que vai alienar créditos tóxicos no valor de 200 milhões de euros até ao final deste ano.
Tudo somado, os bancos poderão vender, em 2019, cerca de de 5150 milhões de euros em crédito tóxico. Em 2018, os bancos venderam 5719 milhões de euros em malparado, segundo contas da agência Lusa.
A venda de créditos não produtivos é necessária para que os bancos tenham um balanço mais saudável. Mas, os bancos podem registar perdas, se as carteiras forem vendidas com desconto. Para os fundos e entidades financeiras que compram este tipo de crédito, o negócio é uma alternativa para obter lucro devido à conjuntura de taxas de juro baixas e falta de ativos que possam gerar rendimento atrativo.