Após três anos desde a promessa do Governo de recrutar mil novos técnicos superiores para a Administração Pública através de um processo de recrutamento centralizado, foram cumpridos, até aqui, menos de três quartos do objetivo.
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Para as posições que oferecem, à entrada, um salário bruto de 1205 euros, valor que poderá ser elevado em 2022, o procedimento que só neste ano iniciou colocações efetivas conseguiu recrutar 689 candidatos em reserva, deixando 400 vagas por preencher, segundo o levantamento feito pelo JN/Dinheiro Vivo.
No total de 1089 vagas que foram abertas em três procedimentos de colocação este ano, destacam-se como maiores recrutadores o novo centro de competências da Administração Pública, o PlanAPP, seguido do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e da Secretaria-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que teve em mãos a Presidência Portuguesa da União Europeia.
Áreas de Economia, Finanças, Engenharias, Informática, Matemática não recebem qualquer manifestação de interesse de candidatos.
Só estas três entidades lançaram perto de um terço das vagas: ao certo, 321. Mas, destas ficaram por preencher 42%. O PlanAPP abriu espaço para 150 colocações e obteve uns meros 51 colocados. Já o ICNF pôs à disposição 98 lugares, acabando por preencher apenas 68. E os Negócios Estrangeiros, abrindo 73 vagas, recrutaram efetivamente apenas 66 candidatos.
À semelhança do que sucedeu com muitos outros organismos do Estado que recorreram à reserva de candidatos pré-selecionados em provas realizadas em 2020, não houve da parte de nenhum destes organismos dificuldades em encontrar candidatos na área de Direito ou Relações Internacionais, as áreas mais competitivas em termos do número de candidatos disponíveis.
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Já nas áreas de Economia, Finanças, Engenharias, Informática, Matemática ou Estatística, na maioria das vezes os processos abertos não recebem qualquer manifestação de interesse de candidatos.
O levantamento a partir das listas de colocados publicadas pelo Boletim do Emprego Público mostra que, no total, houve 132 procedimentos de colocação que não receberam quaisquer interessados. Destacam-se as dificuldades de preenchimento de vagas para a área de Informática de Gestão, onde houve um único colocado, em março.
Candidatos em vão
Valor salarial de entrada de 1205,08 euros brutos ganhou na última década apenas 3,90 euros em termos nominais e encontra-se em acentuada perda de poder de compra.
O processo de recrutamento que está a ser conduzido pelo Instituto Nacional de Administração tem sido alvo de várias críticas pela demora, agravada com a pandemia. Neste momento, persistem mais de 300 candidatos em reserva sem qualquer colocação, dos quais 250 verão a validade das suas classificações nas listas do recrutamento expirar em janeiro de 2022.
A entrada destes candidatos na Função Pública irá depender das vagas que venham ainda a ser abertas até ao final do ano, com o Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública a prever abrir um novo procedimento para colocações ainda em 2021. Mas para parte dos que aguardam em reserva e que não responderam a qualquer oferta, o processo já chegou ao fim.
Segundo esclarecimento do ministério, "até ao momento, não manifestaram preferência a qualquer procedimento de oferta de colocação cerca de 85 candidatos do recrutamento centralizado 2019, e que tiveram essa oportunidade por terem tido vagas para a sua licenciatura". Estes serão excluídos da bolsa de recursos humanos do Estado e não poderão mais responder a ofertas de vagas.
Um dos principais obstáculos ao recrutamento são os valores salariais de entrada de 1205,08 euros brutos, que ganharam na última década apenas 3,90 euros em termos nominais e se encontram em acentuada perda de poder de compra.