A entidade tem uma boa ideia, estrutura-a num plano de negócios mas precisa de algum dinheiro para a pôr de pé. Pedir uma pequena ajuda a muita gente pode ser a melhor solução.
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O conceito é recente e só chegou a Portugal há pouco mais de dois anos. Chama-se "crowdfunding" que, traduzido à letra, significa "financiamento pela multidão" e funciona através da Internet.
O processo é simples. Um site recebe candidaturas de entidades sociais (ou de empresários, consoante o tipo de site), analisa-as e, se achar que têm potencial, publica-as online. Do outro lado do ecrã estão pessoas comuns que veem os dados e, se gostarem do projeto, contribuem com uma quantia que pode ser tão pequena quanto dois euros ou tão grande quanto todo o dinheiro necessário.
Cada site tem a sua filosofia. Em alguns, o beneficiário recebe dinheiro dos cidadãos e em troca dá um serviço ou bem, consoante o valor pago. É o caso do MassivMov, PPL ou BES Crowdfunding, que funciona sobre uma plataforma da PPL. Outros, como o Hand it Social, apelam a um donativo puro e duro, com o doador a receber em troca uma declaração dedutível no IRS (em certos casos, pode haver patrocinadores que oferecem um bem ou serviço). Outros ainda devolvem o dinheiro ao investidor, no final de um prazo definido à partida, numa mistura entre microcrédito e "crowdfunding". Além destes, em Portugal, há muitos outros internacionais.
Outro fator que varia consoante o site é o que se considera ser um sucesso. Nos sites aqui referidos, todos menos o Hand it Social funcionam na lógica do tudo ou nada: o projeto tem 100% de financiamento no prazo previsto ou não recebe qualquer valor, sendo os donativos entretanto feitos devolvidos. É uma forma de assegurar que o projeto apresentado é sustentável: que o promotor não é megalómano e pede demasiado dinheiro (corre o risco de ficar sem nada) ou que a ideia arranca mas fica pelo caminho por falta de dinheiro.
Específicos para o setor social, o JN só encontrou três em Portugal: Olmo, Hand It Social e BES Crowdfunding, para o qual são canalizados os projetos sociais da rede PPL. Contudo, explicou o promotor Pedro Domingues, a limitação do BES a um novo projeto por semana leva-o a admitir a possibilidade de criar novos meios de financiamento dedicados a esta área.
O MassivMov, por último, já promoveu projetos sociais, mas sem sucesso. Uma possível explicação é o facto de, por norma, as entidades não terem bens ou serviços para dar em troca e que captem o interesse do investidor.