Estados-membros voltaram a confrontar-se com as suas posições divergentes quanto à forma de fazer chegar uma ajuda sem precedentes às empresas e aos trabalhadores.
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Os ministros europeus das Finanças travaram ontem mais uma maratona negocial com o objetivo de se alcançar um "pacote financeiro de emergência robusto" para trabalhadores, empresas e países, para fazer frente à crise provocada pela pandemia. "Provavelmente, o pacote de maior dimensão e mais ambicioso alguma vez preparado pelo Eurogrupo", escreveu Mário Centeno no Twitter, antes da reunião.
O pacote de emergência, construído a partir de "esforços sem precedentes já levados a cabo pelos governos e autoridades monetárias", assenta em três elementos, que no seu conjunto poderão representar quase 500 mil milhões de euros.
Antes da reunião começar, por volta das 15 horas, Centeno, presidente do Eurogrupo e ministro português das Finanças, assumia que os países se deveriam comprometer claramente com um plano de recuperação de grande envergadura.
"Todos temos a noção de que este não é um momento para manter as políticas do costume. Temos de mostrar aos nossos cidadãos que a Europa os protege", declarou Mário Centeno, numa mensagem vídeo divulgada antes da reunião.
Contudo, o compromisso a que os ministros estavam ontem "obrigados" a chegar revelou-se mais uma vez uma tarefa difícil (em pouco mais de um mês, esta foi a quarta reunião). À hora do fecho da presente edição, o encontro tinha recomeçado, após uma interrupção de duas horas.
Credito ou dívida
A posição sustentada por Centeno ter-se-á revelado a mais controversa: o financiamento para os Estados-membros garantido através de linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), na expectativa de que fosse essa a solução mais "consensual".
De um lado, vários países, encabeçados por Itália, defendem a emissão conjunta de dívida (os chamados "eurobonds" ou "coronabonds") e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, já reafirmou a sua oposição à solução em forma de empréstimos do fundo de resgate da Zona Euro.
divisão
Do outro, um conjunto de países, com a Holanda à cabeça, rejeita liminarmente a mutualização da dívida, e, mesmo em relação às linhas de crédito do MEE, quer impor condições.
Mais pacíficas serão as duas outras vertentes do pacote de emergência que o presidente do Eurogrupo esperava "fechar" nesta reunião, para apresentar aos chefes de Estado e de Governo da UE: o programa de 100 mil milhões de euros proposto pela Comissão Europeia para financiar regimes de proteção de emprego, e uma garantia de 200 mil milhões de euros do Banco Europeu de Investimento para apoiar as empresas em dificuldades.