O eventual resgate financeiro à Irlanda e, por contágio, a Portugal, e o possível impacto dessa medida em Espanha dominam hoje, terça-feira, a imprensa espanhola, com alguns jornais a afirmarem que o apoio pode ser concretizado já esta semana.
Corpo do artigo
Tanto os jornais económicos com os generalistas dedicam hoje grande espaço ao assunto, com a maioria a reproduzir as declarações do ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, de um "grave risco" de que Portugal possa ser resgatado por contágio, como escreve o Publico na primeira página.
Este jornal, à semelhança da restante imprensa, noticia a "inquietude em Bruxelas por um possível impacto em Espanha" da situação atual e a "pressão" da UE para que Dublin aceite o resgate como forma de "acalmar os mercados".
O jornal considera "provável" que a Irlanda venha a ser resgatada e afirma que as declarações de Teixeira dos Santos ao Financial Times -- posteriormente matizadas em declarações seguintes -- "fazem pensar que (o eventual resgate de Portugal) é algo mais que uma especulação".
O El Pais também faz manchete com o tema, recordando em subtítulo outro tema que marca a cobertura de hoje: as críticas à atuação da chanceler alemã, Angela Merkel, cujas declarações, segundo alguma imprensa, estão a causar a pressão dos mercados sobre as economias de Irlanda, Portugal e Espanha.
Este jornal recorda que um eventual plano de resgate a Portugal teria maior impacto em Espanha, já que são as entidades financeiras espanholas as que controlam maior percentagem da dívida portuguesa.
Ao mesmo tempo, relembra que, antecipando o resgate à Irlanda, "Espanha está sob pressão para avançar com mais reformas" para evitar mais efeitos de contágio.
"Só razões políticas explicam que a Irlanda não tenha ainda invocado o Fundo de Resgate Europeu", lê-se no editorial do El Pais, que defende uma "gestão cuidadosa" para evitar que a situação dos mercados afete a recuperação económica.
O El Mundo também se refere à pressão adicional sobre Espanha para que avance nas reformas "perante a crise de Irlanda e Portugal", recordando nas suas páginas de economia que "Portugal deve à banca espanhola 6500 milhões de euros".
Um dos artigos de opinião sobre o tema, da autoria de John Muller, ataca duramente a posição de Angela Merkel, que "misturou mensagens para o eleitorado alemão com a delicada situação de outros países da zona".
"O certo é que se a Irlanda e Portugal caem e necessitam de ser resgatados nos próximos dias ou semanas, uma parte da fatura será da responsabilidade de Merkel, que pelo simples expediente de comparação os colocou como alvos", escreve.
O mesmo jornal dá ainda como "muito provável" que o resgate irlandês possa ocorrer já nos próximos dias.
Entre os económicos, o Expansion refere-se à pressão de Bruxelas para que Espanha consolide as reformas e evite o contágio, referindo que a disponibilidade europeia para o resgate irlandês "aliviou as pressões nos mercados".
O El Economista é mais explicito, afirmando que "a UE vai intervir em Dublin e Lisboa para evitar o contágio a Madrid e Roma".
Os jornais referem-se ainda à situação da dívida dos vários países, recordando que Espanha saberá hoje o impacto da situação irlandesa e portuguesa quando for ao mercado tentar colocar dívida.