O ex-quadro do BES Angola (BESA) João Moita disse, esta quarta-feira, no parlamento que a filial angolana do BES teve um "peso limitado" na queda do banco em Portugal e do Grupo Espírito Santo (GES).
Corpo do artigo
"O peso do caso Angola no caso BES é um peso limitado", revelou João Moita na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, onde está a ser ouvido esta tarde.
O responsável fez uma curta exposição inicial, na qual sublinhou ter dupla nacionalidade - portuguesa e angolana - e está, portanto, "limitado" por algumas regras de sigilo de Luanda.
João Moita foi diretor do departamento de risco do BES e, em 2011, foi convidado pelo antigo presidente do BESA Álvaro Sobrinho para integrar os quadros do banco angolano.
Aí permaneceu até junho de 2013, era então Rui Guerra o presidente executivo, e posteriormente, e até agora, Moita trabalha em Angola num outro banco liderado por Álvaro Sobrinho.
No que refere aos problemas em torno do crédito ao BESA, João Moita sublinhou perante os deputados que o BESA apenas foi responsável por um terço dos ajustamentos do Novo Banco, juntando os resultados do primeiro semestre de 2014 do BES e a medida de resolução ao banco aplicada a 3 de agosto pelo Banco de Portugal.
"Há dois momentos de ajustamento, a apresentação de contas e a resolução. Este ajustamento dá origem ao problema do BES. A parte do BESA corresponde a um terço", vincou o responsável.
Quando foi ouvido na comissão de inquérito, Álvaro Sobrinho afinou pelo mesmo tom, tendo inclusive referido então, em dezembro de 2014, que o BESA "claramente não" foi decisivo para a queda do BES.
A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de novembro passado e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias.
Os trabalhos dos parlamentares têm por objetivo "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".