Desde o final de 2024, ou seja, só em janeiro, o gasóleo subiu 8 cêntimos, enquanto a gasolina simples aumentou 6 cêntimos. Transportadores queixam-se dos custos acrescidos.
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Qual foi o aumento dos combustíveis esta semana?
O preço dos combustíveis subiu no início desta semana, tendo sido o maior aumento semanal desde 2022 no caso do gasóleo. O diesel subiu entre 5 e 5,5 cêntimos por litro, o maior crescimento desde setembro de 2022. A gasolina, por sua vez, aumentou entre 3 e 3,5 cêntimos, a maior subida desde março de 2024. Desde o último dia de 2024, o gasóleo subiu 8 cêntimos (+5,1%), enquanto a gasolina simples aumentou 6 cêntimos (+3,4%). O esforço que os portugueses fazem para atestar o depósito é o sétimo maior da Europa, no caso da gasolina, e o nono maior, no caso do gasóleo. Em relação há 4 anos, quando o país estava em plena pandemia, no dia 21 de janeiro de 2021, a gasolina está agora 22,1% mais cara, enquanto o diesel encareceu 31,8%.
Que impacto tem nas empresas de transportes?
André Matias de Almeida, porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), garantiu ao "Jornal de Negócios" que "este aumento teve impacto nas empresas de transporte na segunda-feira", explicando que os combustíveis "não é uma coisa que possam estar a acomodar para o mês seguinte". O porta-voz da Antram destaca que " os combustíveis representam entre 30% e 40% das suas estruturas de custos", o que "é uma brutalidade do ponto de vista do impacto". André Matias de Almeida afirma que "a Antram vê com enorme preocupação este aumento, uma vez que ele é acompanhado da ausência total de medidas". Para a Antram, o principal problema está no facto de o preço do barri de Brent ter aumentado, o que não é auxiliado pela descida dos impostos, destacando que "mais de 50% do valor que pagamos na bomba são impostos".
O Governo vai mexer no preço dos combustíveis?
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, citado no JN, reconheceu que “os aumentos são significativos", embora tenha salvaguadado que "também tem havido muitas semanas em que têm diminuído”. Cerca de metade do preço de cada litro de combustíveis é em imposto, contudo, Montenegro reforçou que "não há uma oscilação de maneira a provocar uma mexida do ponto de vista da ação do Governo. Quando houver, nós cá estaremos” , disse, com a promessa de que "se atingirmos um valor de subida constante, permanente, o Governo tomará as medidas para diminuir o impacto fiscal”.
Que medidas pode o Governo tomar?
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse, na última segunda-feira, esperar uma redução no preço dos combustíveis, garantindo, ainda assim, monitorização "nas próximas semanas" para o Governo decidir se avança com apoios como alívio fiscal. Na ocasião, citado pela RTP, avançou: "Uma das hipóteses que existe (...) é fazer reverter o (...) aumento da receita do IVA, por via do aumento do preço, numa redução do outro imposto que incide sobre os combustíveis". Num litro de gasóleo, por exemplo, o IVA e o ISP representam 59,2% do preço de venda ao público. Recorde-se que o Governo aumentou a taxa do Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) no litro de gasolina e do gasóleo em três cêntimos desde 1 de janeiro, compensando a descida da taxa de carbono nos combustíveis em 2025.
Quais são as perspectivas para a evolução dos preços dos combustíveis nos próximos tempos?
António Comprido, secretário-geral da associação das Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes (EPCOL), afirmou ao JN que “o preço [dos combustíveis] esteve a descer desde abril até ao fim do ano. Não há descidas nem subidas que durem sempre”. No entanto, relembrou, em declarações ao JdN, que a "Comissão Europeia tem vindo a insistir bastante em terminar com os apoios que foram dados na altura de alta de preços [2022]. Mas isso é um problema político que o Governo terá de resolver". Segundo o mesmo jornal, o petróleo subiu nos mercados internacionais, sendo que um barril cotado em Londres já voltou a ultrapassar os 80 dólares, o que pode ser explicado pelo aumento da procura no inverno e pela desvalorização do euro face ao dólar.