A Comissão Europeia suavizou as metas para as emissões poluentes dos veículos automóveis novos, perante um cenário de asfixia dos construtores europeus. Mas mantém o objetivo de veículos com zero emissões a partir de 2035.
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O que está em causa?
A Comissão Europeia (CE), preocupada com as emissões de CO2 dos automóveis novos de passageiros e dos veículos comerciais ligeiros novos com motores de combustão interna, havia determinado que este ano entraria em vigor a Norma Euro 7. Ela obrigava os construtores reduzirem as emissões para 93,6 gramas por cada quilómetro percorrido, sendo penalizados com uma multa de 95 euros por por cada g/km de CO2 emitido acima daquele limite, multiplicado pelo número de veículos produzidos no ano em questão. O que implicava o pagamento de uma verba superior a 15 mil milhões de euros.
Porque recuou a Comissão Europeia?
Na verdade, o que a CE fez foi flexibilizar as metas fixadas entre 2025 e 2027. A alteração decidida permitirá que os fabricantes cumpram as suas obrigações calculando a média do seu desempenho ao longo do período de três anos, em vez de cada ano separadamente. Isso permitirá equilibrar quaisquer emissões anuais excedentárias, ultrapassando o objetivo no ano ou anos seguintes e, assim, os construtores terão mais tempo (dois ou três anos) para cumprirem estas metas ambientais. A intenção inicial da Comissão iria penalizar fortemente as marcas com gamas menos eletrificadas (seja de híbridos, híbridos plug-in ou 100% elétricos).
Quebra na venda de elétricos
A concorrência de marcas chinesas, por um lado, o arrefecimento das vendas de veículos 100 % elétricos (BEV - Battery Electric Vehicle) e os anúncios de pesadas tarifas feitos pelo presidente norte-americano, Donald Trump, têm abalado o setor, que emprega cerca de 13,8 milhões de pessoas (6,1% da força de trabalho total) e representa cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia. Em 2022, gerou um Valor Acrescentado Bruto de aproximadamente 237 mil milhões de euros e exportações no valor de 235,6 mil milhões euros, com um excedente comercial de 90,6 mil milhões de euros.
Que outras medidas vão ser tomadas?
Consciente das dificuldades do setor, a Comissão Europeia comprometeu-se a ajudar a aumentar a procura de veículos com emissões zero e apresentou uma proposta para descarbonizar os veículos das empresas, que representam 60% dos registos de automóveis novos. Mas a indústria defende incentivos à escala europeia para a compra de veículos de emissões zero, alargamento da rede de carregadores e energia mais acessível.