A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, declarou-se hoje, quarta-feira, contra o que chamou de "uma quase perseguição social" dos ricos, contestando a ideia de lhes "retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais".
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Durante uma conferência organizada pelo jornal Diário Económico, num hotel de Lisboa, Manuela Ferreira Leite foi questionada sobre a política fiscal que defende para os próximos quatro anos.
Antes de lhe ser colocada essa questão, a presidente do PSD já tinha defendido que, "não sendo possível a curto prazo reduzir a carga fiscal, deve iniciar-se, desde já, a tarefa de simplificação do sistema fiscal".
Na resposta, Manuela Ferreira Leite reiterou que considera prioritária "a simplificação do sistema fiscal", acrescentando: "Eu penso que da simplificação do sistema fiscal pode surgir algum alívio fiscal para os cidadãos".
Considerando que "o nível fiscal está elevadíssimo para todos" em Portugal, a presidente do PSD voltou a afirmar que, se puder, baixará os impostos, embora não faça essa promessa, e afastou novamente a possibilidade de os subir: "Não há política que resista ao facto de aumentar mais os impostos, isso digo categoricamente. Há que mexer na despesa, não há que mexer na receita".
A propósito da política fiscal, Manuela Ferreira Leite considerou inaceitável "que os responsáveis políticos utilizem na sua linguagem dicotomias como ricos e pobres", afirmando que "uma política fiscal não é para perseguir nem é para fazer justiça pelas suas mãos".
"Eu discordo completamente que sejam tomadas em relação ao sistema fiscal medidas discricionárias, como, por exemplo, uma que foi anunciada ultimamente e que tem a ver com a tal linguagem dos ricos e dos pobres, dizendo que em relação aos ricos se vai retirar determinado tipo de benefícios, de deduções fiscais, e em relação aos outros provavelmente não", acrescentou.
"Mal vai o país se começa a olhar para os chamados ricos com olhos de menos consideração. Eu em relação aos ricos há apenas um sentimento que tenho e que é: tenho pena de não o ser. Fora disso, o país só progride, só todos têm vantagem que existam ricos. É bom que eles existam, é bom que dêem muitas festas, que comprem muitas coisas, porque isso dá postos de trabalho a dezenas de pessoas", considerou.
"Se nós entramos numa fase em que aquilo que é considerado rico é algo que deve começar a ser esbatido, ou seja, todos a ficarem iguais, nós caminhamos seriamente para uma senda de empobrecimento", sustentou, opondo-se a que se faça "uma quase que perseguição social relativamente a quem é considerado rico".
Manuela Ferreira Leite contrapôs que, "se tivesse de aumentar impostos, se achasse que os ricos estavam tão ricos que já não sabiam o que fazer ao dinheiro, tributava fortemente em impostos indirectos aqueles bens aos quais os ricos têm acesso", como os iates.
"Um iate se calhar devia ser altamente tributado. Agora, deixe lá o rico ir comprar o iate, não lhe tire o dinheiro antes de ele ir ao iate, porque aí tira postos de trabalho àqueles que construíram o iate", argumentou.