O sistema financeiro espanhol necessitará de pelo menos 40 mil milhões de euros para cumprir os novos requisitos de capitalização e continua a evidenciar vulnerabilidades importantes, anunciou o FMI.
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"A análise demonstra que ainda que o núcleo do sistema seja resiliente, continua a haver vulnerabilidades em alguns segmentos", explica o Fundo Monetário Internacional (FMI), em comunicado.
Num comunicado divulgado ao final da noite de sexta-feira em Washington (início da madrugada deste sábado, hora de Portugal continental) - que o FMI diz será reforçado na segunda-feira por documentos adicionais - a instituição avança detalhes do seu programa de avaliação do setor financeiro espanhol (FSAP).
O comunicado inicial foi divulgado três dias antes do previsto - deveria ser publicado apenas na segunda-feira - e horas antes do que a imprensa internacional noticiou hoje será uma eventual teleconferência de ministros de Economia da zona euro onde se debateria a situação dos bancos espanhóis.
"A amplitude e persistência da deterioração económica pode implicar mais perdas bancárias. A completa implementação de reformas, bem com a criação de um travão público credível são fartores críticos para preservar a estabilidade financeira no futuro", considera.
Num cenário adverso, os bancos maiores teriam condições para a capitalização necessária, mas "vários bancos" (que não identifica) precisariam de "aumentar os seus colchões de capital em cerca de 40 mil milhões de euros para cumprir" com os novos requisitos europeus de Basileia III (core capital de 7%).
As necessidades de capital poderiam ser maiores se incluíssem, segundo o FMI, custos de reestruturação e reclassificação de empréstimos, depois de concluídas as avaliações independentes que o Governo espanhol solicitou para o setor.
"Para avançar é critico que se comunique cedo a estratégia para dar alternativas credíveis de falta de capital, e que é melhor que sejam sobreestimadas que subestimadas", defende no comunicado Ceyla Pazarbasioglu, vice-diretora do departamento monetário e do mercado de capitais do FMI.
No texto, a instituição saúda as medidas já tomadas pelo Governo espanhol para tentar sanear o setor financeiro, mas adverte de que mais passos adicionais serão necessários.
"As autoridades espanholas aceleraram recentemente as reformas do setor financeiro para reduzir vulnerabilidades no sistema", explica Pazarbasioglu.
"Tomaram medidas para responder a alguns dos bancos mais problemáticos e estão a realizar avaliações independentes das carteiras, o que é um passo bem vindo e pode ajudar a determinar mais necessidades de restruturação", considera.
Entre os riscos, o FMI identifica vários "choques" aos quais os bancos espanhóis reagiram de forma diferente, algo que explica ter ficado demonstrado pela análise feita ao setor espanhol que comprovou ser essencial reconhecer essa diferenciação no momento de avaliar a atual situação.
Para medir a situação do setor o FMI usou informação "confidencial e detalha" dos bancos para realizar testes de stress de forma a "comprovar as vulnerabilidades, incluindo sob uma severa deterioração das condições económicas".
"Estes testes não pretendem estabelecer um valor definitivo das necessidades de capital mas identificar fraquezas críticas em alguns segmentos de instituições particulares", explica.