O director do Fundo Monetário Internacional disse, sábado, que "é preciso que os europeus façam o seu trabalho", com soluções "mais abrangentes" para o problema da dívida soberana, e cumprindo os programas de ajuda externa em curso.
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Falando na conclusão da reunião do Comité Monetário e Financeiro do FMI, em Washington, Dominique Strauss-Khan disse que a situação na Grécia, Irlanda e Portugal foi um dos principais pontos das discussões entre os ministros das Finanças, governadores dos bancos centrais e outros representantes.
Strauss-Khan sublinhou que os países envolvidos nos programas têm de por em prática as medidas com que se comprometeram "mesmo que seja difícil".
O director do FMI, que na tarde de hoje, em Washington, se reúne com o ministro das Finanças português, Teixeira dos Santos, tinha criticado na abertura o que qualificou de abordagem "fragmentada" dos países europeus à crise da dívida soberana.
Sobre a possibilidade de uma reestruturação da dívida grega, Strauss-Khan voltou a dizer que o programa de ajuda externa foi definido no pressuposto que os compromissos financeiros seriam cumpridos, e que "até agora" esta é a postura.
"Precisamos que os europeus façam o seu trabalho", disse o director do FMI.
Strauss Khan sublinhou ainda que é preciso fortalecer a regulação e a supervisão que "esteja dinheiro disponível" para recapitalizar os bancos europeus, se os testes de stress em curso apontarem para esta necessidade.
"Não vale a pena fazer testes se não se puder resolver o problema depois", afirmou.
O comunicado final da reunião de hoje aponta a sustentabilidade da dívida soberana nos países ricos como um dos riscos para a retoma da economia global, que exige "medidas credíveis".
Manifesta ainda o apoio do FMI ao fortalecimento do sector financeiro, e sublinha a necessidade de "mais progressos" para lidar com "a toma de riscos financeiros excessivos" e fortalecer a supervisão e regulação de centros financeiros.
Os riscos causados pelas chamadas "instituições financeiras sistemicamente importantes" e a necessidade de supervisão do sector financeiro "sombra" são outros dos pontos sublinhados no comunicado final.
Outros dos actuais riscos são o desemprego, o sobreaquecimento das economias dos países emergentes e a escalada dos custos de alimentação e combustíveis, que afectam principalmente os países mais pobres.
Segundo Strauss-Khan, vários dos ministros presentes mostram-se "preocupados por termos uma retoma sem [criação de] empregos".