O ministro da Economia anunciou esta quinta-feira que existem cerca de 117 mil veículos em Portugal afetados pela fraude cometida pelo grupo Volkswagen e cujos problemas deverão ser solucionados no próximo ano.
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De acordo com a informação divulgada aos jornalistas pelo ministro da Economia, Pires de Lima, no final de uma reunião do grupo de trabalho criado pelo Governo para assegurar a monitorização das ações decorrentes da fraude da Volkswagen, existem em Portugal 102.140 veículos das marcas Volkswagen, Audi e Skoda, "usando o kit fraudulento que distorce a emissão de gases" poluentes, mais cerca de 15 mil veículos da marca Seat.
"No total, são cerca de 117 mil veículos com motores que precisam de ser corrigidos, ao nível do 'software' e dos componentes dos motores", disse Pires de Lima.
Segundo o ministro, a Volkswagen comprometeu-se a apresentar até ao final de novembro "um calendário mais preciso e detalhado" para a correção dos veículos, ficando todos os custos inerentes a este processo à responsabilidade do grupo automóvel.
O governante defendeu que a Volkswagen deve ainda assumir todas as eventuais responsabilidades ambientais e fiscais que possam decorrer deste processo.
"A fraude tem custos técnicos, mas também pode ter custos fiscais", disse o ministro referindo-se às emissões de dióxido de carbono pelos motores em causa.
O grupo de trabalho criado pelo Governo para assegurar a monitorização das ações decorrentes da fraude da Volkswagen, que se reuniu hoje novamente no Ministério da Economia, deveria apresentar um relatório até 2 de novembro, mas tem a sua próxima reunião plenária marcada para 5 de novembro.
O ministro da Economia, Pires de Lima, que presidiu à reunião, reafirmou, que tendo em conta "os contactos quase diários" com a empresa, que o investimento na Autoeuropa mantém-se de acordo com o que estava previsto.
"Não há nenhuma alteração prevista relativamente ao investimento que foi assinado em abril de 2014 com o Estado português e que está em execução na Autoeuropa", disse aos jornalistas.
Segundo o ministro, o Governo vai, em breve, conversar diretamente com os responsáveis máximos da Autoeuropa e do grupo Volkswagen para confirmar os elementos que têm sido referidos, nomeadamente o calendário para a correção dos motores e a responsabilização por eventuais questões ambientais e fiscais.
Para que os contactos possam realizar-se o mais breve possível, poderão ser telefónicos.
O grupo de trabalho que hoje se reuniu, criado pelo Governo português a 30 de setembro, é composto pelos secretários de Estado da Inovação, Pedro Gonçalves, dos Transportes, Sérgio Monteiro, e do Ambiente, Paulo Lemos e nele incluem-se também técnicos do Instituto da Mobilidade e Transporte e da Agência do Ambiente.
Este grupo de trabalho, segundo o despacho do executivo publicado em Diário da República, tem o "objetivo de monitorizar e avaliar as linhas de atuação face aos impactos da crise da Volkswagen, assegurando o respeito pelo ambiente, a fiscalidade, os direitos dos consumidores e a proteção e salvaguarda dos interesses do Estado Português".
O grupo Volkswagen detém em Portugal a fábrica da Autoeuropa, onde são produzidos os modelos Volkswagen Eos, Scirocco e Sharan e Seat Alhambra.
A 18 de setembro foram conhecidos publicamente os resultados de testes a emissões poluentes de viaturas equipadas com motores 'diesel' do grupo Volkswagen, relativamente às marcas Volkswagen, Audi, Seat e Sköda, concluindo-se pela existência de viaturas equipadas com um dispositivo que permite a manipulação de informação relativa a emissões poluentes.
O grupo alemão admitiu a existência de 11 milhões de carros nestas circunstâncias, e em Portugal, de acordo com informação divulgada pela SIVA, representante das marcas Volkswagen, Audi e Sköda, estima-se que existam cerca de 94 mil viaturas afetadas, mais 23 mil da marca Seat, totalizando 117 mil veículos.