Companhias marítimas de contentores recusam fornecer o país. Comprar Iphones ou carros ocidentais será mais difícil.
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A invasão da Ucrânia está a causar um êxodo em massa e sem precedentes de empresas estrangeiras na Rússia, revertendo mais de três décadas de investimento no país de Putin após o colapso da União Soviética em 1991.
À medida que vários países aumentam as sanções contra a Rússia, a lista daqueles que cortam os laços ou alteram os seus planos cresce continuamente, provocado também pelo encerramento do espaço aéreo russo, pelo bloqueio do sistema SWIFT nos bancos ou pela proibição do rublo como moeda de troca nos negócios. É que algumas empresas consideram que os riscos, tanto reputacionais quanto financeiros, são elevados demais para continuar a negociar, apesar de isso significar a perda de milhares de milhões de euros.
As grandes multinacionais americanas, na qual se incluem a Apple, Google, Ford ou Harley-Davidson, interromperam os seus negócios com a Rússia na terça-feira.
A Apple anunciou que interrompeu a venda de Iphones e outro produtos, a Google retirou do algoritmo os órgãos de informações estatais, a Ford suspendeu as operações no país com o seu parceiro e a Harley-Davidson parou a venda de motos.
Barcos isolam país
Na quarta-feira, foi a vez das maiores companhias marítimas do Mundo, MSC e Maersk, suspenderem o transporte de contentores de e para a Rússia, contribuindo para o isolamento do país.
Já a Ford disse estar "profundamente preocupada com a invasão da Ucrânia e as ameaças resultantes à paz e à estabilidade". Aliás, a marca de automóveis não é a primeira a sancionar Putin. A alemã Daimler Truck (Mercedes) também anunciou a interrupção das suas atividades comerciais na Rússia até novo aviso e está a rever a parceria com os camiões Kamaz. A Volvo anunciou a saída da Rússia e a americana General Motors (GM) disse que interrompeu o fornecimento ao mercado russo devido a "problemas na cadeia de peças". No Japão, a maioria das grandes marcas automóveis recusou as sanções e mesmo os que ainda não anunciaram saídas estão a ser afetados em bolsa pela sua exposição ao mercado russo, como é o caso da francesa Renault, que despencou 12%.
Para conter a debandada, Moscovo disse que vai impedir temporariamente os investidores estrangeiros, principalmente petrolíferas, de vender ativos russos, mas as empresas BP e Shell já decidiram abandonar os seus negócios russos e a francesa Total anunciou que não forneceria mais investimento para novos projetos na Rússia. Para algumas petrolíferas, a decisão de sair da Rússia é também a conclusão de décadas de investimentos lucrativos, como é o caso da BP, o maior investidor estrangeiro na Rússia, uma perda avaliada em cerca de 23 mil milhões de euros.
Serviços e produtos
Visa e Mastercard
Bloquearam bancos russos das suas redes, vedando aos clientes o acesso ao sistema de pagamento mundial.
WarnerMedia
Não vai lançar "The Batman" na Rússia neste fim de semana.
Fundo norueguês
O maior fundo soberano do Mundo congelou ativos russos no valor de cerca de 2,5 mil milhões de euros
Vodca
São vários os países que estão a proibir a importação de vodca russa. Uma das maiores cadeias de bebidas alcoólicas da Nova Zelândia retirou milhares de garrafas, enchendo as prateleiras vazias com bandeiras ucranianas.
Danone
A dona da maior empresa de laticínios da Rússia disse estar a implementar planos adicionais para uma possível escalada militar.
Carlsberg
A maior cervejeira da Rússia, através da Baltika Breweries, limitou as exportações e importações para o país, onde a dinamarquesa Carlsberg emprega 8400 pessoas.