Futura fábrica de baterias de lítio pode receber até 350 milhões de euros de apoios públicos
A fábrica de baterias de lítio da chinesa CALB em Sines, cujo projeto de dois mil milhões de euros foi lançado, esta segunda-feira, em Lisboa, pode receber até 350 milhões de apoios no âmbito do regime europeu de incentivos à reindustrialização.
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“[O regime europeu de incentivos à reindustrialização e aceleração da inovação e de novas competências técnicas] permite um apoio até 35%, daí o valor que tem sido apontado dos 350 milhões de euros”, afirmou o ministro da Economia, Pedro Reis, em declarações aos jornalistas na cerimónia de lançamento do projeto da nova fábrica de baterias de lítio da CALB em Sines, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
O projeto de construção da fábrica de baterias de lítio para automóveis da CALB prevê um investimento aproximado de dois mil milhões de euros e a criação de 1800 postos de trabalho diretos e deverá entrar em operação em 2028, num terreno da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS).
Pedro Reis explicou que o projeto de investimento deu agora entrada na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep), para que se avalie o que é elegível para receber apoio público.
“A contratualização tem que ocorrer em 2025, mas, normalmente, os contratos levam algum tempo, porque temos de estudar, temos de discutir bem tudo o que é legível e que não é elegível, as percentagens de apoio, as intensidades de apoio, e só aí é que conseguimos ter uma proposta negocial acabada que passe a contratualização”, explicou a administradora da Aicep Madalena Oliveira e Silva.
Questionado sobre a necessidade de habitação necessária para fazer face à criação de emprego naquela zona, o ministro da Economia disse que “obviamente que está prevista” a “integração e valorização da comunidade”, algo que, “cada vez mais”, os grandes projetos têm de prever.
Soluções para extrair lítio de Portugal
Na cerimónia desta segunda-feira esteve também presente a presidente do Conselho de Administração da CALB, Liu Jingyu, que, num discurso em mandarim, justificou a escolha de Portugal para estabelecer a "gigafábrica" com as suas vantagens estratégicas, o forte potencial da economia portuguesa, a sua mão-de-obra qualificada e os benefícios logísticos do porto de águas profundas de Sines.
Quanto à origem do lítio, Pedro Reis adiantou que a CALB “certamente tem soluções que consideram a extração do lítio em Portugal e de outras fontes”, mas sublinhou que o modelo é autónomo e sustentável seja qual for a fonte da matéria-prima para esse projeto.
O governante caracterizou esta iniciativa como um "big-bang" de investimento que qualquer país da Europa queria e uma “vitória para Portugal, que atravessa o trabalho de vários governos, de várias Aiceps e de várias diplomacias económicas”.
”Num momento em que o setor automóvel mundial e, particularmente, o europeu tem tantos desafios, são investimentos como estes que agarram em Portugal essa cadeia de valor e dão ao setor inteiro europeu competitividade, produtividade e tecnologia”, realçou.
BE quer ouvir ministro
O BE quer ouvir na Assembleia da República o ministro da Economia, Pedro Reis, sobre a estratégia industrial do Governo, nomeadamente investimentos como o da nova fábrica de baterias de lítio em Sines. "O mínimo que se pode exigir ao Governo é que diga ao país qual é a sua estratégia económica e industrial em vez de negar a existência de uma estratégia, enquanto oferece centenas de milhões de euros a uma empresa para produzir baterias de lítio", justificou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa.