Gasolina: Portugueses pagam mais 14,7 cêntimos por litro do que a média europeia
No 3.º trimestre deste ano, a gasolina em Portugal custou, em média, 1,697 euros por litro - um valor 14,7 cêntimos acima da média dos 27 países da União Europeia. É a maior diferença entre Portugal e a UE quando se comparam os dois combustíveis rodoviários mais consumidos, gasolina 95 e gasóleo, ambos nas versões simples.
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A comparação com a média europeia expõe duas realidades paralelas. Por um lado, os preços "antes de impostos" ajudam a perceber a componente de custos de produto e logística: na gasolina, Portugal apresenta 0,746 €/l, face a 0,690 €/l na UE-27 - uma diferença de 5,6 cêntimos por litro. Por outro, é a carga fiscal que acaba por cimentar a divergência. Na gasolina 95 simples, os impostos representam 56,1% do preço final em Portugal, face a 55,2% na média europeia. Esta diferença aparentemente pequena ganha escala no preço final, sobretudo quando comparada com mercados próximos como o espanhol.

Espanha é, aliás, o espelho mais revelador. No trimestre em análise, o preço médio da gasolina com impostos foi 1,485 €/l do lado de lá da fronteira - menos 21,3 cêntimos por litro do que em Portugal. Mas, retirando a componente fiscal, a ordem inverte-se: Portugal apresentou um preço ligeiramente inferior ao espanhol (0,746 €/l contra 0,754 €/l). Ou seja, o diferencial que o consumidor paga na bomba nasce quase por inteiro do desenho fiscal português. Esta assimetria também se observa no gasóleo, ainda que com menor intensidade: Portugal cobrou 1,570 €/l, mais 6,3 cêntimos do que a média da UE (1,507 €/l), e 15,2 cêntimos acima de Espanha. Sem impostos, porém, Portugal volta a estar mais barato do que o vizinho em 2,0 cêntimos por litro.

Na hierarquia europeia, Portugal figura entre os países com preços finais mais elevados. Na gasolina, ocupa a 8.ª posição; no gasóleo, a 9.ª. E se a fotografia sem impostos coloca Portugal na metade superior na gasolina (5.º preço mais alto), no gasóleo o país baixa para o 12.º lugar, sinal de que a fiscalidade tem um papel mais decisivo na diferença que chega ao consumidor na gasolina do que no gasóleo. Em ambos os combustíveis, a tributação portuguesa supera a média europeia, mas o impacto é mais expressivo quando o preço base já é relativamente elevado, como acontece com a gasolina na fachada atlântica.
O trimestre foi marcado, à escala europeia, por ligeiras subidas: 0,4 cêntimos por litro na gasolina 95 e 2,9 cêntimos no gasóleo, face ao período anterior. Portugal acompanhou a tendência e manteve-se consistentemente acima da média comunitária. Entre os países com preços de referência mais altos estão Dinamarca e Países Baixos, tanto em gasolina como em gasóleo, ao passo que Malta e Bulgária continuam a marcar o piso europeu em vários indicadores.
Para o consumidor português, o resultado é claro: na gasolina, a fatura é significativamente mais pesada do que a média europeia, quase 15 cêntimos por litro acima. No gasóleo, a diferença existe, mas é menos de metade. O desfasamento não decorre de uma ineficiência intrínseca no mercado nacional - os preços sem impostos mostram até uma ligeira vantagem face a Espanha -, mas de uma opção fiscal que, no agregado, empurra Portugal para o topo dos preços finais na União. Enquanto essa matriz tributária não mudar, a diferença face à média europeia tenderá a persistir, com especial incidência na gasolina, onde o peso dos impostos e o nível de preço base se combinam para produzir a maior divergência.

