A remuneração dos gestores executivos de 16 empresas cotadas na Bolsa portuguesa, às quais se acrescentam mais três, mantiveram, no ano passado, o fosso que os separa da média de rendimentos auferidos pelos respetivos funcionários. A análise foi agora publicada pela revista "Proteste Investe", da Deco.
Corpo do artigo
Tal como tem sucedido nos últimos anos, o campeão da disparidade salarial é Pedro Soares dos Santos, presidente da comissão executiva do grupo Jerónimo Martins, dono dos supermercados Pingo Doce. O gestor auferiu, em 2022, um rendimento, por via do seu cargo na empresa, de 3,72 milhões de euros, acima dos 3,075 milhões de euros do ano anterior. Os seus funcionários ganham em média 304,5 vezes menos.
Em segundo lugar, mas a grande distância, está Gonçalo Moura Martins, CEO da construtora Mota-Engil. O gestor teve uma remuneração de 966,9 mil euros, 78,6 vezes acima da média salarial praticada na empresa. No ano anterior, o gestor executivo teve um rendimento de 848,7 mil euros, apresentando uma disparidade de 73,3 vezes face ao global dos seus trabalhadores.
Com um rendimento bem superior surge Cláudia Azevedo, CEO da Sonae. No entanto, neste caso a disparidade é de 72,5 vezes. Ou seja, a herdeira de Belmiro Azevedo apresenta um diferencial, comparativamente aos seus trabalhadores, que é menor do que sucede com Gonçalo Moura Martins. Aliás, a gestora apresenta uma disparidade menor do que no ano anterior (77,4 vezes, com um salário de 1,6 milhões de euros).
O primeiro gestor da banca neste ranking das disparidades salariais surge em quarto lugar. Trata-se de Miguel Maya, presidente executivo do Millennium BCP, que auferiu um rendimento de 1,33 milhões de euros, 45,8 vezes acima da média praticada na instituição financeira que dirige. Miguel Maya não integrava o ranking em 2021.
Em quinto lugar está António Leal Teixeira, CEO da Ibersol (500 mil euros, 45,3 vezes acima da média). Logo a seguir vêm duas empresas ligadas à energia. Andy Brown, da Galp Energia (1,8 milhões, 44,6 vezes), e Miguel Stilwell, presidente executivo da EDP (1,8 milhões, 41,8 vezes).
A análise da Proteste Investe incidiu sobre os relatórios e contas das 16 empresas que compõem o índice bolsista PSI, para além de outras três companhias: Cofina, Impresa e Novabase. A conclusão aponta para uma disparidade de 32,4 vezes, valor praticamente igual ao de 2021. "Apesar dos salários elevados dos CEO, nem sempre o valor criado para os acionistas é positivo. Nos últimos cinco anos, a variação da cotação das ações, mesmo tendo em conta o pagamento de dividendos, foi negativa na Mota-Engil, no BCP, na Ibersol, na Semapa e na NOS", refere a publicação da Deco.