Adequa vegetação e rega menos área, enquanto aguarda por verbas para recorrer às ETAR. Pressões ambientalistas e questões económicas ditam mudanças.
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Os campos de golfe do Algarve garantem que já estão a implementar ações para poupar água, numa altura em que o país enfrenta uma situação de seca. Verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) deverão permitir recorrer a águas residuais, uma opção defendida pelos ambientalistas.
Para regar os cerca de 40 campos de golfe no Algarve (metade dos que existem no país) "são usadas essencialmente águas de barragens, furos e lagoas", diz António Miranda, presidente da Associação Portuguesa de Greenkeepers (APG), para quem a "estratégia futura terá de passar pelo uso de águas residuais tratadas" em larga escala. Atualmente, apenas "dois campos no Algarve regam com águas residuais".
"Temos de avançar com infraestruturas para podermos usar essa água das ETAR [Estações de Tratamento de Águas Residuais]", frisa a APG, explicando que estão a ser desenvolvidos esforços com outras organizações e com a Agência Portuguesa do Ambiente para custear os equipamentos necessários no âmbito do PRR.
Entretanto, "alguns campos começaram a desenvolver estratégias de poupança de água", que passam por deixar de regar algumas áreas e pela utilização de relvas de estação quente". Segundo um estudo da APG, dois terços dos campos no Algarve já usam esta relva, que consome 30% menos de água em comparação com a relva de estação fresca.
"O facto de estarmos frequentemente na "mira" de diversos ambientalistas, levou-nos a ser rigorosos na gestão dos recursos naturais e em como implementar/manter um campo de golfe com o mínimo de impacto ambiental", conta Rui Grave, coordenador de Greenkeeping no Dom Pedro Golf.
Recurso a tecnologia
Neste espaço, garante Rui Grave, usa-se "relva resiliente à falta de água" e árvores autóctones, há uma estação meteorológica, sensores de humidade no solo, sistemas de rega "com tecnologia de ponta", direciona-se a drenagem dos campos para lagos e regam-se apenas a zona de jogo. A empresa está a fazer novos investimentos e perspetiva que, "até 2025, três dos campos sejam regados" com águas residuais tratadas.
No Boavista Golf, um "projeto para utilizar águas residuais" está pronto há anos, refere Joaquim Costa. No entanto, "ainda estamos à espera que se resolva o problema da ETAR", uma situação que depende de entidades públicas. Para regar, a solução é recorrer a um furo, a seis quilómetros de distância, o que acarreta elevados encargos com energia.
No Monte Rei, às preocupações ambientais juntam-se questões económicas. Outra "forte motivação que temos para consumir o mínimo trata-se do custo inerente à água assim como à energia necessária para a bombar seja para os depósitos seja depois para o sistema de rega", assume claramente a empresa.
Para poupar, no Monte Rei procederam à "eliminação de aspersores (em zonas menos nobres) e consequente redução de área regada, assim como o recurso a regas com sistemas gota a gota em algumas zonas".