O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, considerou, esta quinta-feira, que é urgente atacar a questão do desemprego, depois de ser conhecido que esta taxa subiu em Portugal para 17,7% no primeiro trimestre, um novo máximo histórico.
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"Trata-se de uma realidade que tem que ser rapidamente atacada", disse o responsável, num encontro com jornalistas, em Lisboa, apontando para a quebra da procura para justificar a diminuição de postos de trabalho no país.
Carlos Costa salientou que "o ajustamento económico português levou à redução da procura por bens não transacionáveis", exemplificando com a realidade vivida nos setores da construção civil e das obras públicas, que durante muitos anos ajudaram a sustentar os índices de empregabilidade em Portugal.
"Portugal era até há pouco tempo um país de imigração, que necessitava de mão-de-obra, sobretudo, para estes setores. Com a quebra da procura, houve uma descida da necessidade de postos de trabalho", assinalou.
Por isso, o governador do Banco de Portugal defendeu que é necessário agora "fazer a transferência de trabalhadores do setor dos bens não transacionáveis para o setor dos bens transacionáveis", sublinhando que isto só é possível com investimento nesta última área.
"Quando o investimento retomar, é de esperar um aumento das necessidades de pessoal das empresas. Agora, não se passa da área da construção civil para a área fabril, por exemplo, sem haver uma requalificação profissional", sustentou.
"Temos que criar essas condições para impulsionar o investimento, em bens transacionáveis, que vão criar novos empregos, diferentes dos existentes anteriormente", afirmou Carlos Costa.
O responsável disse também que é preciso "transformar os desempregados em trabalhadores interessantes e qualificados para outras áreas em que se possam criar postos de trabalho".
A taxa de desemprego subiu em Portugal para os 17,7% no primeiro trimestre, face aos 16,9% observados no trimestre anterior, com o número de desempregados em Portugal a ultrapassar os 950 mil.