O ministério espanhol do Ambiente aprovou a construção do troço ferroviário Badajoz-Caia que integra o projecto de alta velocidade Lisboa - Madrid, um dia antes dos governos ibéricos se reunirem para discutir o futuro do projecto.
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A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) foi divulgada na terça-feira, no site do Governo espanhol, um dia antes do encontro entre os responsáveis pelas pastas da Economia dos dois países para discutir a ligação, que Portugal pretende suspender.
Das alternativas analisadas, o Governo espanhol escolheu a chamada "Alternativa 6" para ligar Elvas a Caia, por ser "a que mais evita danos aos ecossistemas e responde satisfatoriamente aos problemas causados pela passagem do rio e nas áreas de mata", refere o estudo da Direcção-Geral de Avaliação da Qualidade Ambiental e da Junta da Extremadura.
A "alternativa 6" começa no terminal municipal de Badajoz, junto à linha actual Madrid-Badajoz e cruza com o troço Mérida-Badajoz da linha de alta velocidade Madrid-Extremadura, em execução. O traçado atravessa Cáceres e Badajoz e cruza o rio Gévora através de um viaduto, continuando para o ramal ferroviário de Badajoz, pertencente à linha Badajoz-Portalegre, até chegar a uma nova estação internacional de alta velocidade.
Segundo o estudo aprovado pelo Governo espanhol, o traçado eleito implica um aumento do comprimento da linha em 740 metros para evitar uma plantação de orquídeas existente na zona e estabelece medidas para prevenir os efeitos do TGV nos ciclos de água, nas zonas protegidas, na paisagem, fauna e flora locais, nos trilhos de gado, no património cultural e na poluição sonora.
Para proteger a vida selvagem local, o relatório recomenda que a construção do viaduto comece em Agosto, de modo a evitar o período reprodutivo das espécies de peixes mais sensíveis.
Além disso, acrescenta, os eventuais danos à água pública devem ser reparados sendo que nem o rio Gévora nem o Guadiana serão interrompidos "sob qualquer pretexto".
As obras de drenagem e os viadutos e túneis subterrâneos serão projectados tendo em conta a passagem da vida selvagem, devendo o projecto incluir ainda um estudo de ruído e vibrações para determinar os níveis normais no período de exploração.
O ministro português da Economia, Álvaro Santos Pereira, vai encontrar-se, esta quarta-feira, com o ministro das Obras Públicas de Espanha, José Blanco, para discutir a suspensão da linha ferroviária de alta velocidade que visa ligar os dois países.
Para Álvaro Santos Pereira, a suspensão do TGV é inquestionável por "falta de dinheiro" para prosseguir o projecto, enquanto o Governo espanhol considera que a rede de alta velocidade deve ser concluída, mesmo que seja adiada por algum tempo.