À partida, Yanis Varoufakis já não precisará de "cortar um braço" para não ter de assinar um acordo com os credores internacionais que perpetuaria a crise na Grécia. Pelo menos, foi com este otimismo que o ministro das Finanças grego falou, este domingo, aos jornalistas.
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"Não haverá novo empréstimo sem que antes haja reestruturação da dívida", vincou o governante, já aconchegado pela vitória do "não" no referendo que passou um cartão vermelho aos líderes europeus. "Os gregos disseram hoje (ontem) não a cinco anos de hipocrisia e devolveram aos credores o ultimato que lhes foi feito", sintetizou.
"A partir de amanhã [segunda-feira] vamos colaborar com o Banco Central Europeu, que manteve uma posição neutra na semana passada, e teremos uma atitude positiva para com a Comissão Europeia", disse em conferência de imprensa.
Varoufakis defendeu ainda que o "'não' de hoje é um 'não' à austeridade, um regresso aos valores da Europa".
"O 'não' é um grande 'sim' à Europa democrática", afirmou o ministro das Finanças, para enfatizar que o resultado de ontem é "uma grande ferramenta de colaboração com os parceiros".
No mesmo sentido, Alexis Tsipras - que gravou uma mensagem que foi transmitida na televisão pública ao final do dia -, afirmou que o seu governo tem, agora, "um mandato para que se chegue a um acordo, não um mandato para uma rutura com a Europa".
O primeiro-ministro da Grécia confirma que as partes voltam hoje a sentar-se à mesa das negociações e garante que, "desta vez, o perdão da dívida estará em cima da mesa".
"Não há soluções fáceis" mas é possível encontrar uma "solução justa", assegurou.
O primeiro-ministro grego reafirmou também que as negociações com os credores vão recomeçar já na segunda-feira e que Atenas está disposta a negociar reformas, tendo como prioridade "restaurar rapidamente a normalidade no sistema bancário" da Grécia.
Tsipras disse também ter pedido ao presidente grego que convoque uma reunião dos líderes de todos os partidos políticos para segunda-feira de manhã para "ouvir as suas ideias e contribuições
Do lado da Comissão Europeia, foi mais tarde divulgado um comunicado, dando conta de que Jean-Claude Juncker estava já em consultas com os "outros" 18 líderes da zona euro e vai conferenciar ainda hoje com os presidentes da cimeira da zona euro, do Eurogrupo e do Banco Central Europeu.