O Governo prevê para os próximos anos um crescimento económico superior ao esperado pela 'troika', lê-se num documento da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República.
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Na versão preliminar de um parecer sobre o documento de estratégia orçamental 2012-16 (DEO), os técnicos de apoio orçamental do Parlamento registam que, na expectativa do Governo, o crescimento da economia será superior ao previsto pela 'troika' em todos os anos até 2016 com exceção de 2014.
"O cenário macroeconómico apresentado no DEO afigura-se, em geral, mais otimista do que o projetado por outras instituições internacionais de referência no que se refere à evolução do PIB", escrevem os técnicos.
Essas diferenças são maiores nos últimos dois anos do intervalo: para 2015, o Governo prevê um crescimento de 2,4% (contra 1,9% na previsão do FMI), e para 2016 um crescimento de 2,8% (contra 1,9% do FMI).
Ora, notam os técnicos da UTAO, nas várias revisões do memorando de entendimento, as revisões às projeções do PIB português "foram sendo sucessivamente efetuadas em baixa".
Além disso, o crescimento que o Governo espera é impulsionado sobretudo pelo aumento das exportações: "Num contexto externo de forte incerteza, a elevada dependência das exportações constitui um risco acrescido para a evolução da atividade económica", lê-se no parecer preliminar.
Esta manhã, vários deputados da oposição confrontaram o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, com o documento da UTAO.
O socialista Pedro Silva Pereira referiu-se às várias mudanças já realizadas às previsões macroeconómicas do Governo para este ano (atualmente, o Executivo prevê que o PIB encolha 3% em 2012; na previsão anterior, a contração chegava aos 3,3%).
O deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares mencionou o "otimismo incompreensível" dos dados do cenário macroeconómico do Governo, citando o parecer da UTAO para dizer que o FMI e a Comissão Europeia não esperam uma evolução tão favorável para a economia portuguesa.
"As previsões não são otimistas", disse Gaspar. "Não pretendem transmitir otimismo. Pretendem transmitir a ideia de que o processo de ajustamento progride no bom caminho", acrescentou o ministro.