O Governo da Grécia reiterou este sábado que não contempla a hipótese de abandonar o euro e voltar a introduzir a sua própria moeda, apresentando mais um desmentido à notícia veiculada sexta-feira pelo semanário alemão "Der Spiegel".
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Em comunicado, o Ministério das Finanças grego indica ainda que o ministro das Finanças, Yorgos Papaconstantínu, participou numa reunião extraordinária no Luxemburgo, em que participaram os ministros das finanças das quatro maiores economias da Zona Euro - Alemanha, França, Itália e Espanha - para discutir a crise financeira em terras helénicas.
A reunião, "convocada pelo presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, realizou-se devido ao encontro dos ministros das finanças da Zona Euro que participam no G20", informa o Ministério, explicando ainda que a convocatória de Papaconstantínu serviu para o governante "debater pontos de vista sobre os acontecimentos económicos na Grécia".
"É completamente óbvio que nesse encontro não se estudou ou debateu a permanência da Grécia na Zona Euro, como haviam noticiado, de forma irresponsável e pelos seus próprios motivos, os meios de comunicação social estrangeiros", diz ainda a nota.
O jornal grego "Ta Nea" noticia este sábado que nesse encontro esteve em cima da mesa a crise da dívida soberana nos países que fazem parte da União Económica e Monetária e os défices orçamentais da Grécia, Irlanda e Portugal.
O jornal acrescenta ainda que a reunião discutiu a hipótese de reestruturação da dívida grega, mas através do alargamento da maturidade da dívida actual (uma opção semelhante à do Uruguai em 2003), incluindo do empréstimo de 110 mil milhões de euros de Bruxelas e do Fundo Monetário Internacional, mas não a aplicação de um 'haircut' (redução do valor nominal a pagar aos credores).
O semanário alemão "Der Spiegel" noticiou esta sexta-feira na sua edição online que os responsáveis do Governo grego estariam a considerar a hipótese de abandonar o euro e regressar ao dracma, que permitiria fazer parte do ajustamento através da desvalorizarão da moeda.
A notícia, que foi prontamente e várias vezes desmentida pelos vários responsáveis gregos e europeus, segue-se a várias semanas de intensa especulação sobre uma possível reestruturação da dívida grega, que começou com declarações do ministro das Finanças alemão, que admitia essa possibilidade.
A reestruturação, que também tem sido negada a todos os níveis, levou mesmo a Grécia a lançar uma investigação contra um banco de investimento (que se presume seja o Citigroup) por ter alimentado a especulação através de um e-mail enviado aos seus investidores, onde dizia que haviam "rumores" de que essa reestruturação deveria ser discutido no fim-de-semana da Páscoa pelos responsáveis gregos.