Há quem já esteja a encher o depósito e a preparar-se para a greve de dia 12. Postos têm mais gente, mas ainda não há alarmismo.
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Mais gente, mas "sem alarmismos". Estava assim, na quarta-feira à tarde, o posto de combustível da Prio, na Avenida do Mar, na Póvoa de Varzim. A dois minutos da A28, numa zona central, é um dos mais movimentados da cidade. Com a greve à porta, uns já se "calçavam" à espera do pior, outros ainda acreditam que "a montanha vai parir um rato".
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"Não acredito que isto vá muito longe", diz Fernando Ribeiro. Empresário, de 60 anos, abasteceu "o normal". Na bomba, notou "um bocadinho mais de movimento", mas "nada de especial". Fernando até precisa do carro para ir trabalhar, mas, sem grandes viagens para fazer, para já, não vê motivos para alarme, mas está "atento", com "as notícias sempre à mão".
Já Eva Vilaça jogou pelo seguro e abasteceu "um bocadinho mais do que o habitual". Tem, agora, o depósito "praticamente cheio", "não vá o diabo tecê-las". Está de férias e, este ano, não tenciona sair da cidade, por isso, para já, está "tranquila". Ainda assim, teme que o caso dê para o torto. "Eles [motoristas] têm razão, mas quem paga somos nós".
Não vale a pena stressar
"Não estou minimamente preocupado. Se não houver combustível, não ando com o veículo, não vou trabalhar e faço uma vida diferente", diz, descontraído, Filipe Santos. É bancário. Trabalha em Esposende, a 20 quilómetros. Sem carro, só de autocarro. Ainda assim, "não vale a pena "stressar"".
Em casa, não reforçou a despesa. Fernando e Eva também não. Ainda ninguém vê motivos para "histerias". Da outra vez, Filipe viu as filas, mas não teve problemas. Por coincidência, tinha "o depósito quase cheio" quando a greve começou e foram "poucos dias", mas viu as filas e os postos "secos". Em abril, Fernando sentiu "o aperto". Estava no Algarve e só à quarta tentativa conseguiu uma bomba com gasóleo, mas tudo acabou por se resolver "em dois ou três dias". E desta vez?
"Acho que acabam por chegar a acordo. Não percebemos muito bem quem é que tem razão. Há muitos interesses no meio", salienta, desconfiado.
Filipe Santos está confiante: "Alguém vai fazer com que isto se resolva, porque o interesse económico é bem superior ao dos camionistas", frisa.
Lamenta que seja sempre quem menos culpa tem "a pagar a fatura" das greves: "Eles têm é que ganhar coragem e enfrentar os patrões. Eu não tenho culpa. Eles é que aceitaram trabalhar naquelas condições. Assumiram, porque é que agora estão a pedir mais? Que venham-se embora e, aí, param mesmo a empresa".