
Os oito sindicatos representativos dos trabalhadores da TAP sublinharam, esta segunda-feira, que a greve é a "única saída para o problema" da transportadora aérea, depois de esgotados "todos os canais do diálogo" com a administração da empresa e o Governo.
Cada um dos representantes dos sindicatos entregou um pré-aviso de greve de três dias, entre 21 e 23 de março, no gabinete do ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, e do secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro.
A paralisação, em protesto contra os cortes salariais, abrange também a Portugália, Sata Açores e Sata Internacional.
"Cumpriu-se hoje um momento histórico, em 68 anos de existência estão aqui pela primeira vez os representantes de todos os trabalhadores da TAP a entregar um pré-aviso de greve", disse o presidente do Sindicato dos Técnicos de 'Handling' [serviços de assistência em escala a bagagens e passageiros], André Teives.
O sindicalista frisou que o avanço para uma greve "pode parecer um contrassenso, mas não é".
"Estamos a defender o grupo TAP e o país, já chega de vermos nossos colegas altamente qualificados a emigrarem porque estão a ser muito maltratados pelo país e pelo Governo", disse, enaltecendo os "esforços muito consideráveis" a que os trabalhadores têm sido sujeitos nos últimos dez anos.
Também o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Rui Luís, realçou que os trabalhadores "estão em sintonia", e "não aguentam mais a situação".
Questionado sobre eventuais prejuízos à empresa com a greve e sobre o impacto da austeridade sobre os trabalhadores, Rui Luís é perentório: "O Estado não mete dinheiro na TAP, somos nós que estamos a ajudar a companhia, e quando há dois dias os trabalhadores foram ver a folha de vencimentos, apareceram em massa e disseram que sim à greve. A revolta é total".
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil também se vai juntar à greve e apela ao "bom senso" do Governo, criticando a "aplicação cega" de medidas "inconsequentes" que, dizem, vão "destruir a empresa".
"Mesmo os efeitos que se pensam positivos para as contas da TAP são anulados pela instabilidade operacional com a emigração de quadros que estas medidas trazem à empresa. Essa situação também é má para os portugueses e é preciso explicar que o seu efeito direto é uma redução de 10 a 15 milhões de euros no encaixe para os cofres do Estado", disse o presidente do sindicato dos pilotos, Jaime Prieto.
O sindicalista lembrou ainda que em três anos os trabalhadores já perderam 26% dos seus salários devido a constantes reduções nos vencimentos.
Em fevereiro, a TAP aplicou os cortes salariais determinados para a generalidade da função pública e das empresas do setor empresarial do Estado, entre os 3,5% e os 10%, em salários brutos acima de 1500 euros.
A companhia aérea já admitiu que a sua operação pode ser afetada pela greve, assegurando que vai tomar "todas as medidas" para minimizar os impactos do protesto.
