Apenas 18 dos 262 comboios programados circularam até às 8:00 desta segunda-feira devido à greve dos revisores da CP, disse à agência Lusa uma fonte da empresa.
Corpo do artigo
"Até às 8:00 de hoje circularam 18 comboios em 262 previstos. No Porto não circulam comboios e em Lisboa circularam nove em 112 previstos" disse à Lusa a porta-voz da CP - Comboios de Portugal, Ana Portela.
De acordo com a mesma fonte, circularam sete Alfa-Pendulares e Intercidades e apenas um do serviço regional.
Ana Portela adiantou que a situação é "muito complicada", prevendo-se vários constrangimentos durante o dia de hoje, o último dos quatro da paralisação.
Cerca de 95 por cento das bilheteiras da CP estão encerradas, disse à agência Lusa fonte sindical.
"A adesão, hoje, é superior à de quinta-feira. Até às 08:00 só se realizaram dois comboios de longo curso", afirmou Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial e Itinerante, considerando tratar-se de "uma clara demonstração de insatisfação" por parte dos trabalhadores do setor comercial da empresa, em que se incluem os funcionários das bilheteiras e os revisores.
De acordo com o sindicato, não há registo de qualquer comboio urbano a circular, "por opção da empresa".
"Não tendo funcionários, optou por fazer uma ligação de Alfa-Pendular, o comboio das elites, em vez de fazer os comboios regionais, que serviriam muito mais pessoas", declarou o dirigente sindical.
Os trabalhadores reclamam o descongelamento das carreiras e atualizações salariais, bem como o cumprimento de uma decisão judicial relativa a "uma dívida da empresa para com os funcionários".
Os revisores da CP cumprem hoje o segundo dia de greve e a empresa prevê que venham a ser suprimidos entre 80% e 90% dos comboios, sobretudo nas ligações regionais e urbanas.
A CP alertou os passageiros para "fortes perturbações na circulação de comboios", que deverão manter-se até terça-feira de manhã.
Os revisores CP agendaram uma greve de quatro dias (02, 03, 05 e 06 de abril) para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996.
A esta paralisação juntou-se a greve ao trabalho em dia feriado convocada pela Fectrans (Federação do Sindicato dos Transportes e Comunicações) na passada sexta-feira Santa e no domingo de Páscoa.
De acordo com a CP, as perturbações na circulação de comboios vão ser agravadas pela recusa da fixação de serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral, nomeado pelo Conselho Económico e Social.
Na sequência das greves, a circulação ferroviária está a ser afetada desde quinta-feira, devendo os atrasos e supressões prolongar-se até terça-feira, 07 de abril, de manhã.
O presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo, explicou à Lusa na quarta-feira que a CP foi condenada, em várias instâncias, a restituir os complementos que não foram pagos aos trabalhadores no subsídio de férias desde 1996 e no subsídio de Natal entre 1996 e 2003, estimando uma dívida de cerca de dez milhões de euros aos revisores e trabalhadores das bilheteiras.
Sem possibilidade de recurso, a CP e os representantes dos trabalhadores sentaram-se à mesa para chegar a uma acordo "para a empresa pagar essa dívida de forma gradual" e, em reunião a 18 de março, os representantes do SFRCI foram informados de que a proposta de acordo ainda não tinha sido enviada à tutela, o Ministério da Economia.
"Nesse mesmo dia, decidimos quebrar a paz social, no período da Páscoa, com dois dias de greve, porque nestes nove meses de negociação, a administração criou a legítima expectativa de que os trabalhadores iriam ser ressarcidos e pensávamos que a empresa estava a proceder de boa-fé", explicou à Lusa Luís Bravo, acrescentando que "o sindicato tentou tudo para evitar esta greve".