A greve dos trabalhadores da CP, convocada por vários sindicatos, suspendeu, entre a meia noite e as 19 horas, 854 comboios, dos 1054 programados. A circulação reduziu-se aos mínimos. Lisboa e Porto foram mais afetados. A Federação dos sindicatos do setor crê que forte adesão é sinal de insatisfação
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A greve de trabalhadores da CP provocou várias perturbações nos serviços ao longo do dia, tendo afetado milhares de passageiros por todo o país, especialmente em Lisboa e no Porto. O coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) José Manuel Oliveira, falou, ao JN, numa “adesão bastante forte”, a ultrapassar os 70% dos trabalhadores, “com a circulação reduzida aos serviços mínimos”. Aderiram desde trabalhadores das bilheteiras às oficinas da empresa. Na quarta-feira, 24 de julho, prometem voltar a parar.
Segundo dados da CP avançados à Lusa, entre a meia-noite e as 19 horas desta segunda-feira, foram suprimidos 854 dos 1054 comboios programados, ou seja, 81% das viagens foram suspensas. Circularam apenas 200 comboios dos serviços mínimos.
Os comboios urbanos, que disponibilizam mais horários, foram os mais afetados. Nos de Lisboa, a greve levou a que tivessem circulado apenas 99 dos 477 programados, enquanto nos do Porto, foram efetuados 44 dos 217 programados. Registaram, assim, uma taxa de supressão de 79,2% e 79,7%, respetivamente, sendo que os comboios que circularam correspondem, em ambos os casos, aos serviços mínimos decretados. Também nos urbanos de Coimbra, dos 28 comboios que estavam programados, foram realizados quatro - ou seja os previstos nos serviços mínimos.
Nos comboios regionais, dos 266 programados, foram suprimidos 213 (80,1%), tendo sido efetuados 53. Não circulou qualquer comboio de longo curso, uma vez que não foram decretados serviços mínimos. Mas quem já tinha adquirido bilhete pode pedir o reembolso do valor total ou troca para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe, garantiu a CP, em comunicado.
Acordo por cumprir
José Manuel Oliveira considerou a paralisação - convocada por mais de uma dezena de sindicatos do setor -, sinal de “uma grande determinação dos trabalhadores” em ver mudanças nos salários, bem como no regulamento das carreiras. Relembrou ainda que as melhorias acordadas o ano passado estão por cumprir.
Por seu turno, a CP acusou os sindicatos que convocaram as paralisações de “prejudicarem os seus associados” ao não aceitarem o acordo na reunião de sábado. A transportadora ferroviária refortou ainda que as condições apresentadas tenham sido diferente das que foram acordadas com o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) e o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI). A proposta, com efeitos a partir de 1 de agosto, fixa um aumento salarial de 1,5% e do subsídio de refeição para 9,20 euros por dia.
Para os sindicatos, "é inaceitável" que a administração da CP, depois de ter garantido que iria estender a todos os trabalhadores um acordo que foi celebrado com uma organização sindical, queira condicionar isso à aceitação da proposta de regulamento de carreiras.
O sindicalista adiantou que esta tarde enviaram um ofício à administração da CP, bem como à Secretária de Estado da Mobilidade, na esperança de que as negociações decorram “num quadro diferente”. Só assim crêem ser possível suspender “este conflito”, advertiu José Manuel Oliveira