A greve dos trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) levou, esta terça-feira, à supressão de 278 comboios de 436 programados (63,8%) pela CP, entre as 0 horas e as 10 horas, segundo dados da transportadora.
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Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) cumprem esta terça-feira o primeiro de dois de greve intercalados, tendo sido decretados serviços mínimos. O segundo dia de greve é cumprido na quinta-feira (dia 4).
Nas ligações urbanas de Lisboa, dos 213 previstos foram suprimidos 145, e nos de longo curso estavam programados 25 e foram suprimidos 18.
Estavam ainda previstos 85 comboios urbanos no Porto, mas apenas se efetuaram 36 ligações e, em Coimbra, dos 11 programados, realizaram-se quatro.
Numa nota enviada à Lusa sobre os impactos desta greve na CP, a empresa precisa que dos 436 comboios programados, realizaram-se 158.
Adriano Filipe, presidente da Aprofer - Associação Sindical dos Profissionais do Comando e Controlo Ferroviário, disse que, às 8 horas, estavam a ser cumpridos os serviços mínimos.
A paralisação, que abrange os trabalhadores de operação, comando, controlo, informação, gestão de circulação e conservação ferroviária da IP, está relacionada com as condições de trabalho e vencimentos da profissão, segundo explicou à Lusa, Adriano Filipe.
"Os motivos desta greve são os mesmos" da paralisação que tinha sido convocada para setembro de 2022, lembrou, indicando que a IP se tinha comprometido a negociar um acordo, mas isso não aconteceu desde então.
"O acordo seria fechar as negociações e compromisso de paz social até 31 de dezembro de 2023, mas face ao incumprimento por parte da IP, resolvemos decretar greve a partir do início de janeiro e será uma greve que, até que haja um acordo ou uma mudança de posição, irá continuar", afirmou.
Estes trabalhadores, distribuídos essencialmente por centros de comando operacionais (CCO), que controlam todo a operação ferroviária a nível nacional, exigem a regularização da sua profissão.
"Há 17 anos que novos postos de trabalho carecem de uma regularização do funcionamento e, portanto, nós trabalhamos nos moldes ainda da antiga CP", indicou, salientando que o trabalho é "num posto altamente tecnológico, que concentra a circulação e manutenção toda do país inteiro".
"O que nós pedimos é uma diferença de remuneração em relação àquilo que se paga nas estações", indicou, salientando que estes cerca de 300 trabalhadores têm "o mesmo escalão remuneratório dos trabalhadores das estações".
"Só que o trabalhador está numa estação tem uma responsabilidade muito local. Nós temos a uma responsabilidade nacional", apontou, indicando que "o grau de concentração" é muito elevado, com os trabalhadores a terem de gerir manobras, circulação, acidentes, avarias, entre outras tarefas.
A greve poderá também afetar a circulação dos comboios na quarta e na sexta-feira, esclareceu a CP, numa nota publicada no 'site'.
Nos dias de greve, estão garantidos serviços mínimos, com a previsão de circulação do Alfa Pendular e Intercidades, Regional, InterRegional e Internacional, Comboios Urbanos do Porto, Comboios Urbanos de Coimbra e Comboios Urbanos de Lisboa.