Norma entrou em vigor em junho, mas construtora de Vila Verde já o faz desde maio de 2020: gastou 20 mil euros em testes e material de proteção.
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A Direção-Geral da Saúde lançou, em junho, uma norma a recomendar a testagem quinzenal à covid-19 nas empresas com mais de 150 trabalhadores. Mas o medo do vírus é extensível a firmas mais pequenas que, desde o início da pandemia, não abdicaram de investir em testes e material de higiene e proteção. É o caso da construtora Engimov, de Vila Verde, que já gastou milhares de euros para proteger os cerca de 140 trabalhadores.
Helena Lopes, diretora-geral, diz que não foi preciso receberem qualquer norma das autoridades de saúde para, logo no início da pandemia, começarem a prevenir os contágios, tanto dentro do escritório como nas obras. "Estávamos a enfrentar um inimigo invisível e desconhecido, por isso, logo que desconfinamos, em maio do ano passado, fizemos uma testagem de regresso ao trabalho a cerca de 30 pessoas do escritório. Foram testes antigénio para nos apercebermos se alguém tinha tido contacto com o vírus. Não houve qualquer problema e ficamos mais seguros", recorda a responsável.
Compraram mais carros
A isso, somaram custos com material de desinfeção e proteção, como álcool gel e acrílicos, mas também novas viaturas para garantir distanciamento dos trabalhadores nas viagens para as obras, num investimento superior a 100 mil euros.
Só em testagem e material de desinfeção e proteção foram investidos, até ao momento, cerca de 20 mil euros. "Mas são, ainda, incalculáveis os valores gastos com o departamento de recursos humanos e segurança que tiveram de dar horas extra e estar na linha da frente para não se pararem obras", frisa Helena Lopes, confidenciando que, mesmo assim, nem sempre tudo correu como esperado.
"Houve uma obra em que testamos 27 pessoas e deram cinco positivos. Dois trabalhadores da nossa empresa e três subempreiteiros. Temos muita subcontratação e esse pessoal também é incluído nas nossas testagens. O que organizamos para as nossas equipas, também é para eles", diz.
No escritório também já passaram por "sustos". Ana Soares, rececionista, lembra-se de "ligar [para Helena Lopes] a chorar", no final de outubro, depois de testar positivo. "Mas o apoio da empresa nunca falhou", elogia. "Sentimo-nos seguros aqui", dizem outros colaboradores, distanciados e de máscara em frente aos computadores.
Num ano, foram já quase 200 os testes realizados na empresa, com 18 casos positivos. "Agora, preocupa-nos a variante delta", assume a diretora-geral, lamentando que o Governo não comparticipe os rastreios. "O setor da construção civil foi pouco apoiado nesta fase e está muito exposto ao perigo. Há trabalhos em que não é possível manter o distanciamento, só o uso da máscara", alerta Helena Lopes.
A nível nacional, o Gabinete Task Force para a Testagem diz que o programa nas empresas "está em implementação progressiva" e não adianta, para já, resultados.
"Esta operacionalização deve ter em conta que as empresas, através dos seus serviços de Saúde e Segurança do Trabalho/Saúde Ocupacional, devem promover planos específicos de testagem de acordo com o risco específico", declara.
Saber mais
O que diz a norma?
A DGS recomenda testagem com periodicidade de 14 dias nos locais de trabalho com 150 ou mais trabalhadores, independentemente do vínculo laboral.
Programa municipal
Uma parceria entre o Município de Braga, a empresa municipal InvestBraga e a Administração Regional de Saúde do Norte permitiu uma testagem em massa de trabalhadores da região. Na primeira ronda, em três mil, 11 testaram positivo.