Ainda faltam uns minutos para a cantina abrir na Cáritas de Braga, mas as cadeiras na sala de espera já estão preenchidas por dezenas de pessoas que, na sua maioria, esperam pela sua primeira refeição do dia. Até 2012, a instituição alimentava 50 pessoas por dia com o seu refeitório social, mas o protocolo estabelecido em maio desse ano com a Segurança Social, no âmbito da criação das cantinas sociais, permitiu aumentar a resposta para mais 100 refeições diárias.
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De acordo com a vice-presidente da Cáritas de Braga, Eva Ferreira, "as cantinas sociais são uma resposta necessária e adequada aos tempos que estamos a passar".
Este novo serviço passou a permitir a entrega de refeições para consumo ao domicílio, mas também o alargamento da resposta a agregados familiares que, até 2012, não se enquadravam no público-alvo do refeitório social, que "apenas existia para pessoas isoladas".
Entre as 16 horas e as 18 horas, período de funcionamento da cantina, chegam todos os dias desempregados, antigos sem-abrigo, pessoas com doenças mentais, mas também indivíduos que na sua vida já contam com o consumo de droga ou álcool, entre outras problemáticas. Trata--se de "um grupo de utentes muito heterogéneo", classifica Eva Ferreira.
As poucas possibilidades económicas destas pessoas explicam que, há hora de abertura da cantina, sejam muitos os que se preparam para consumir a primeira refeição completa do dia. "À hora de almoço como uma sandes ou um pacote de batatas fritas e um sumo, conforme as pessoas do bairro me ajudarem", descreve Marco Vicente, um jovem que exemplifica dezenas de casos que têm ajuda da instituição.
Capacidade no limite
Neste momento, a Cáritas de Braga já não consegue atender mais pedidos de ajuda. A instituição já excede as refeições diárias protocoladas com a Segurança Social e as restantes 50 que ficam a cargo do seu refeitório. "Não é por ter um limite que negamos uma refeição no âmbito de uma necessidade", sublinha a responsável.
Referência
Todas as pessoas que vêm à cantina social têm referência na instituição e são acompanhadas. Além da alimentação, o estabelecimento presta apoio monetário em despesas maiores, que vão desde a doação de roupas ao pagamento de rendas, "para que as pessoas possam seguir as suas rotinas dentro do mais normal possível".
No concelho de Braga existem nove cantinas sociais, a quem a Segurança Social paga 2,5 euros por refeição. A par da Cáritas, também o Centro de Santo Adrião, a Cruz Vermelha, a Santa Casa da Misericórdia e Centro Social da Paróquia de S. Lázaro têm acordo para 100 refeições, o máximo que é possível atribuir.