O presidente da Associação de Comerciantes do Porto (ACP), Nuno Camilo, criticou hoje, quinta-feira, o alargamento do horário das grandes superfícies ao domingo, alertando para a diminuição do consumo no comércio tradicional, consequentes encerramentos e desemprego.
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"A ACP insurge-se contra a abertura dos hipermercados aos domingos à tarde. Consideramos lamentável esta alteração e não percebe a necessidade e mais valia desta alteração. Tem de haver responsabilidade social. Uma medida como esta vai levar ao encerramento de empresas e aumentar o desemprego no comércio tradicional", frisou o responsável, em declarações à Lusa.
Nuno Camilo considerou que "o argumento da criação de postos de trabalho é irreal", porque o que haverá é "uma adaptação da rotação dos turnos" nas grandes superfícies.
O responsável diz que os números dos últimos anos lhe dão razão: "Em 2001 tínhamos 751 mil postos de trabalho no comércio e grandes superfícies. Em 2009 tínhamos 753 mil. Em oito anos, só houve um aumento de dois mil postos de trabalho, e nos últimos cinco anos foram construídas 50 % das grandes superfícies comerciais do país", observou.
O conselho de ministros aprovou hoje o alargamento do horário das grandes superfícies (mais de dois mil metros quadrados) ao domingo, passando estes estabelecimentos a poder funcionar todos os dias das 6 às 24 horas.
O decreto-lei que modifica o regime dos horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais mantém a possibilidade das câmaras municipais, "em casos devidamente justificados alargarem ou restringirem os limites dos horários fixados", segundo o comunicado do conselho de ministros.
Entre essas razões destacam-se "questões de segurança, protecção da qualidade de vida dos cidadãos ou defesa de certas actividades profissionais".
Em conferência de imprensa após o conselho de ministros, o ministro da Economia, Vieira da Silva disse que "já não faz sentido manter os hipermercado num regime legal de excepção" quanto aos horários.