Hotelaria com crescimento nas reservas. Portugueses dominam na procura.
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Quando o frio chega, muitos portugueses rumam à Serra da Estrela na esperança de encontrar a montanha pintada de branco. Depois de meses de confinamento e limitações, muitos são os que já decidiram ir passar uns dias à serra. Os hoteleiros notam claros sinais de procura e há mesmo unidades na região já com casa cheia para o Natal e Ano Novo.
"É um destino em franca recuperação. A procura da Pousada da Serra da Estrela, localizada em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, na Covilhã, já está muito próxima dos números de 2019, o que nos deixa muito otimistas em relação aos próximos meses", avança fonte oficial das Pousadas de Portugal.
O grupo Vila Galé detém uma unidade em Manteigas e Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador, assume que "a procura prevista para estes dois últimos meses" de 2021 "no Vila Galé Serra da Estrela está substancialmente acima da registada nos mesmos meses de 2020, tendo em conta o volume de reservas atual".
Diferente face há UM ano
A situação epidemiológica que Portugal atravessa nesta reta final do ano é bastante distinta do que vivia há um ano. Com mais de 80% da população vacinada, há mais confiança para viajar. Além disso, a taxa de poupança das famílias cresceu durante a pandemia, tendo muitas mais poder de compra para consumir, incluindo em viagens.
"Podemos afirmar que para dezembro, face às reservas já realizadas, temos à data uma taxa de ocupação mensal próxima dos 50%, que compara com cerca de 15% em 2020. Para o Natal e para o Réveillon, o hotel já está completo, sendo a procura sobretudo de público nacional", diz o administrador do Vila Galé.
Novembro já não tem no calendário nenhum feriado mas dezembro tem dois logo no início do mês, a meio da semana, o que convidará a um fim de semana prolongado. "Não há uma tendência dominante: há reservas de última hora, sobretudo fins de semana, e reservas para o mês de dezembro. A procura é maioritariamente nacional, seguindo a lógica dos anos pré-pandemia que afirmou este como um dos principais destinos de inverno do país", diz fonte oficial das Pousadas de Portugal. "Em linha com o sucedido em 2019, e anos anteriores, confirma-se um número crescente de reservas para" a Passagem do Ano, acrescenta.
O grupo Natura IMB Hotels tem cinco unidades hoteleiras na região. Ana Morais, da direção-geral de Operações desta cadeia, indica que para o Natal e Passagem do Ano "o H2otel [uma das unidades] encontra-se completo" e "a procura pelas restantes unidades está a decorrer a bom ritmo".
Sem sazonalidade
A responsável lembra que "o destino Serra da Estrela, agora Geopark Estrela, é alvo de muita procura nas diversas estações do ano". Contam tanto com reservas de última hora como com clientes que preferem garantir quartos nas datas pretendidas.
Segundo a responsável, a maioria da procura é registada por residentes, embora, dada a proximidade, conseguem captar alguns espanhóis", mas não só.
Destino
Procura também no verão
Se na zona da Serra da Estrela o inverno é tipicamente frio e branco, o verão é soalheiro e quente. Uma das tendências que marcou o turismo durante a pandemia foi uma crescente opção por destinos que permitam contacto com a Natureza e algum distanciamento social.
"Esta é uma região que tem muita procura no inverno, devido à neve. Mas que também teve boa performance no verão, exatamente pela sua envolvência, dada a proximidade com a Natureza e pela possibilidade de realizar atividades ao ar livre, como caminhadas", diz Gonçalo Rebelo de Almeida.
As unidades do grupo Nature IMB estiveram abertas no verão - com exceção do Hotel Vanguarda (em remodelação). Ana Morais recorda que o destino é procurado em todas as estações do ano.
A Pousada da Serra da Estrela também esteve de portas abertas neste verão e fonte da unidade assegura que contou "com uma excelente ocupação".
País
5,6 milhões de dormidas em setembro
O alojamento turístico registou 5,6 milhões de dormidas em setembro, um aumento homólogo de 58,4%, embora tenham diminuído 26,6% face a setembro de 2019, antes da covid, segundo o INE.
Não residentes duplicam
As dormidas de não residentes duplicaram face a setembro de 2020 (+100,7%) para três milhões, e superaram as dos residentes pela primeira vez desde o início da pandemia.