
Há hotéis no Algarve a lançar campanhas de descontos nas redes sociais
Maria João Gala /Global Imagens
Mais de 80% das unidades estão fechadas no Algarve, 43% no país todo. Outros tentam faturar o pouco que seja.
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Há hotéis a aliciar clientes para ficarem confinados com spa e pequeno-almoço nos próximos dois fins de semana prolongados, ainda que a lei proíba deslocações entre os concelhos mais afetados a partir das 23 horas de hoje e as 5 horas de quarta-feira. São tentativas de faturar algo num ano com 70% das noites perdidas na hotelaria e numa altura em que 43% das unidades do país (80% no Algarve) encerraram, pelo menos até março.
"Tal como a ideia de ter clientes em teletrabalho, são iniciativas de marketing, com muito pouco impacto na situação de descalabro que atravessamos", analisou Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve. "Temos 80% dos hotéis encerrados e a preocupação é a falta de apoios concretos às maiores empresas, que começam a ficar descapitalizadas. O maior grupo, o Pestana, encerrou nove dos 11 hotéis na região", denunciou Viegas.
A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) revelou ontem, na Conferência do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT), que 43% dos hotéis vão estar encerrados cinco meses, até março de 2021, e 20% não sabe se reabre depois dessa altura. Dos que permanecem a funcionar, a capacidade está reduzida a 30%. "Isto significa que 70% das camas do país estão encerradas, a maioria nos grandes grupos", explicou Cristina Siza Vieira, confessando que "a preocupação, agora, é com as maiores empresas", uma vez que "há impactos maiores se caírem". Os apoios têm sido direcionados a PME, lembrou a diretora executiva da AHP.
Ao nível de 1995
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, resumiu a situação a dados objetivos: "Em número de hóspedes, recuámos 25 anos, a 1995, mas a capacidade hoteleira aumentou 30%, temos 100 vezes mais camas".
Não há retoma prevista antes de 2022, de acordo com António Jorge Costa, presidente do IPDT, mas há esperança no futuro. "Vai haver uma enorme purga das empresas. Mas ganhámos impulso para promover um turismo mais sustentável, menos massificado e mais rentável".
Pandemia
Menos 70% de aviões
As quebras no tráfego dos aeroportos nacionais até final do ano e início de 2021 "são muito piores do que o previsto [66%]", segundo Francisco Pita, da ANA - Aeroportos.
Douro quase parado
Os cruzeiros no rio tiveram quebras de 94% e dois navios novos nem saíram do estaleiro, divulgou Joaquim Gonçalves, da APDL.
