Grupo MoreTextile apresentou a empresa António Almeida & Filhos à insolvência. Era a última fábrica do gigante criado em 2011 para revitalizar também a Coelima e a JMA Felpos.
Corpo do artigo
A empresa têxtil António Almeida & Filhos (AAF), que tem 65 anos e 190 trabalhadores, em Moreira de Cónegos, Guimarães, apresentou-se à insolvência. É a última fábrica do grupo MoreTextile, que já vendeu a Coelima e a JMA Felpos no mês passado. Dez anos depois de nascer, o maior grupo têxtil do país desaparece.
O pedido de insolvência da AAF foi formalizado na passada sexta-feira, dia 9, junto do Tribunal de Guimarães. A AAF pertence desde 2011 ao grupo MoreTextile, criado naquele ano para salvar a Coelima, JMA Felpos e AAF, três fábricas têxteis do Vale do Ave que estavam em dificuldades.
Os trabalhadores da AAF já foram informados do pedido de insolvência onde, apurou o JN, o grupo MoreTextile não requer a administração da fábrica. Ou seja, a gestão da AAF passará para um administrador de insolvência que a tentará vender. O processo é em tudo semelhante ao que culminou na venda da Coelima à empresa têxtil Mabera, por 3,6 milhões de euros, no passado dia 25 de junho. A JMA Felpos também foi vendida em junho à têxtil Felpinter, por valores que não são públicos.
Vários interessados
Restava a AAF, que esteve prestes a ser vendida nesse mês, mas o negócio não se consumou. Em causa estavam quatro interessados, dos quais três apresentaram propostas. Uma era a de um consórcio de cinco grandes empresas têxteis da região, a outra do consórcio Mundotêxtil/Felpinter que esteve na corrida pela Coelima, e a terceira era a do consórcio Mabera/Filasa.
O JN sabe que a apresentação da AAF à insolvência fez com que o consórcio de cinco empresas se afastasse da corrida. A intenção do quinteto era a compra da AAF por via de um Processo Extraordinário de Viabilização de Empresas, um mecanismo de natureza urgente destinado a empresas em situação de insolvência iminente que visa reestruturar o passivo. Gorada esta hipótese com a apresentação da AAF à insolvência, o quinteto abdica da intenção de compra.
Fonte oficial da AAF confirmou ao JN que a empresa "tem vindo a receber várias manifestações de interesse na aquisição do seu estabelecimento comercial". Nesse sentido, de forma a "salvaguardar os ativos da empresa e a acelerar a sua alienação de forma transparente", a administração decidiu avançar para a insolvência.
Venda "a curto prazo"
A decisão "tem o apoio do principal credor da empresa e visa garantir também a salvaguarda dos postos de trabalho e assegurar o normal funcionamento da companhia", acrescenta a mesma fonte da AAF. A expectativa é de que, com a aprovação do pedido, "sejam rapidamente formalizadas as manifestações de interesse e se conclua a transação a curto prazo".
Para além da insolvência da AAF, o grupo MoreTextile apresentou à insolvência a Moretextile Imobiliária, SA, que tem 25 trabalhadores, a Moretextile Serviços Partilhados e a Morecoger-Energia, SA, que tem três trabalhadores. Todas fazem parte do universo da AAF.
Em 2011, quando foi criado, o grupo MoreTextile tornou-se de repente o maior grupo têxtil nacional. É detido pelo Fundo de Resolução, gerido pela empresa de capitais de risco ECS Capital, com participação dos bancos BCP (27%), Novo Banco (27%), Caixa Geral de Depósitos (18,6%), BPI (12%) e Direção-Geral do Tesouro (6,2%).