Marques Mendes considera que tecnologia pode funcionar como oportunidade única para a economia.
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Luís Marques Mendes considera que a inteligência artificial (IA) vai ajudar a melhorar a produtividade do país e que, por isso, Portugal não pode “falhar” este desafio.
O advogado e comentador político falava no 5.º Fórum Económico Famalicão Made In, organizado pelo JN em parceria com o município, dedicado ao tema “Inteligência artificial e criatividade. Pode a cópia superar o original?”.
Depois de passar em retrospetiva as últimas cinco décadas, o “keynote speaker” do evento concluiu que o país evoluiu ao nível social e económico, contudo, apontou que o crescimento económico “é um problema”. Citando as previsões do Orçamento do Estado, apontou que o país vais crescer 2,1% em 2026, mas a “média dos países de Leste da União Europeia é de 3%”.
Marques Mendes afirmou que é preciso “fazer mais”, mas salvaguardou que há um problema de demografia e de produtividade. São necessárias políticas que fomentem a natalidade, destacando e valorizando a necessidade de recorrer à imigração “com inteligência e regulação”.
Segundo Marques Mendes, os “baixos” níveis de produtividade também são um entrave ao crescimento económico, pelo que é necessário apostar na IA já que “os métodos tradicionais falharam”. Considera que soluções com IA devem ser aposta nas empresas e na Administração Pública, alertando para a regulação. “A Europa está a regular [o uso da IA], mas não matemos a grande revolução com excesso de regulamentação”, afirmou. Nesta linha, Marques Mendes pensa que os fundos europeus devem privilegiar projetos com inovação e que apostem na IA e ter em atenção as pequenas e médias empresas. O orador apontou os principais desafios: haver um plano estruturado de IA na Administração Pública, reforçar as parcerias com instituições científicas e ainda estabelecer metas e incluir calendários nos acordos de Concertação Social.
Presidente da Câmara destaca “revolução”
Também Mário Passos, presidente da Câmara de Famalicão, chamou a atenção para a “revolução digital”, que está a chegar para ficar, destacando os efeitos que vai ter na economia. “A inteligência artificial, quando somada aos computadores quânticos, significa que estamos a falar de uma revolução digital que vai mudar o paradigma do tecido produtivo”, explica.
“Temos de avançar já”, defende João Rui Ferreira
No lançamento da conferência, o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, explicou que “só 8% das empresas portuguesas utilizam soluções de inteligência artificial”. Por isso, o Governo quer “acelerar” a adoção de soluções e a aplicação desta tecnologia.
O governante adiantou que “já existe um conjunto de medidas e outras que estão pensadas”, como o investimento num fundo para empresas dedicadas à IA, mas que “ainda procuram o seu espaço no mercado” e fomentar os benefícios fiscais para empresas inovadoras.
João Rui Ferreira acrescentou que há três agendas do PRR dedicadas a esta tecnologia, defendendo a necessidade de adotar soluções de IA para melhorar a eficiência dos serviços públicos. Por fim, mostrou a convicção de que o país tem condições para se afirmar na aplicação da IA. “Temos de avançar já. Vai ser uma oportunidade histórica para impulsionar a economia”, concluiu.
Um motor e um meio de sobrevivência
A importância da IA para melhorar o desempenho das empresas foi um denominador comum aos participantes no debate “Criar, criar, criar. A transição digital é uma locomotiva”, moderado por Manuel Molinos, diretor digital editorial do JN. Gil Sousa, cofundador da ESI Robotics, Isabel Furtado, administradora da TMG, Elvira Fortunato, professora catedrática na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa, e Pedro Santos, vice-presidente da ACEPI (Economia Digital Portugal), consideram também que a inteligência artificial não terá emoções, mas Luís Borges Gouveia, professor catedrático na Universidade Fernando Pessoa, deixa a questão em aberto. Para empresários e docentes, a IA é presente, está a aperfeiçoar-se cada vez mais e vai “transformar a forma como vivemos e como interagimos”.
“A inteligência artificial já não é uma opção, é um meio de sobrevivência”, afirmou Isabel Furtado, notando que sem ela não seria possível tratar os dados que as máquinas debitam. A possibilidade de antecipar problemas, maior rapidez em determinadas tarefas e uma maior eficiência foram vantagens apontadas ao uso desta tecnologia. Ainda assim, Gil Sousa acredita que a inteligência artificial não pode substituir os humano.
Pormenores
Trabalho colaborativo
Isabel Furtado defendeu o trabalho colaborativo entre grandes e pequena e médias empresas. Mas salvaguardou que há umas mais aptas para integrar conhecimento e outras menos e isso não tem a ver com tamanho”.
Doutorados
A média de doutorados a trabalhar em empresas em Portugal é de 8%, mas a média europeia é 40%, adiantou Elvira Fortunato, para dizer que estes são necessários para aumentar a produtividade.
Investimento
A necessidade de investir nas pessoas e no conhecimento, nomeadamente relacionado com as tecnologias emergentes, foi uma ideia sublinhada durante o painel “Criar, criar, criar. A transição digital é uma locomotiva”.
Dados
A inteligência artificial está a ser muito usada na indústria para fazer tratamento de dados, e a partir daí desenvolver-se soluções mais precisas e eficazes.