Conheceram vários inquilinos. Muitos passavam apenas uma ou duas noites. Mas a turbulência gerada pela pandemia, levou a uma reforma dos velhos hábitos.
Corpo do artigo
Uma rápida pesquisa por sites de imobiliárias permite perceber que, tanto em Lisboa como no Porto, há vários apartamentos de pequenas dimensões - com 35 e 40 metros quadrados - localizados no coração das cidades, à venda. Nos últimos anos, muitos desses imóveis terão estado no alojamento local (AL), mas o abanão que a pandemia gerou no turismo fez muitos proprietários mudarem de vida.
"Podemos afirmar que alguns dos imóveis destinados ao AL estão, de facto, a entrar no mercado de compra/venda e outros têm vindo a ser convertidos em arrendamento de longa ou média duração", sustenta Rui Torgal, CEO da Era Portugal. Reconhece que é "uma tendência que se tem vindo a registar nos últimos meses por se tratar de uma solução encontrada pelos proprietários para manter uma fonte de rendimento" até porque "a conversão dos imóveis de AL para arrendamento de longa ou média duração é considerada uma alternativa mais estável para os proprietários".
Houve 3762 novos registos de alojamento local no primeiro 1.º semestre, mas 2425 cancelamentos, segundo o Registo Nacional de Alojamento Local. Em Lisboa, houve 179 novos registos e 244 cancelamentos. No Porto, houve 380 novos registos e 699 cancelamentos.
A Remax também reconhece que há "recentemente um aumento da oferta deste tipo de imóveis no mercado de venda", sendo que, Diogo Severino, da Remax Grupo Vantagem, acrescenta que, devido à pandemia "muitos investidores optaram por fazê-lo para reaver o seu investimento de forma mais rápida".
O líder da Era aponta que estes imóveis de pequenas dimensões, e que muitos poderiam ter estado em AL, têm "sido muito procurados, tanto por investidores estrangeiros como nacionais, que estão sobretudo à procura de uma boa oportunidade de negócio, ou seja, procuram investir na expectativa de, futuramente, rentabilizar o investimento realizado". Apesar da quebra do turismo, Rui Torgal conta que "muitos turistas continuam a procurar casas para arrendar em território nacional" e nota um "interesse por parte de clientes estrangeiros que estão em Portugal em trabalho, e optam pelo arrendamento enquanto permanecem no nosso país".
Diogo Severino corrobora que há investidores interessados nestes imóveis para depois rentabilizá-los, fazendo chegar ao arrendamento tradicional.